sábado, 23 de julho de 2011

UM POUCO DO CAMINHO



Em nossa condição inicial, simplesmente não entendemos ou percebemos que algo está escondido de nós. Contudo, se durante nossos estudos começamos a ser sensíveis a este fato, isso já se torna um passo adiante na direção certa.

Mais adiante, começamos a perceber uma força superior, que estabelece um contato conosco, nos envia diferentes situações, e suas causas e efeitos se tornam claros. Isto já é um determinado nível de revelação.

A pessoa começa a avaliar seus próprios feitos de acordo com o que o Criador envia para ela. Começa a criticar suas ações e reações.
Ela pensa “Isto é enviado pelo Criador a mim para que possa deixar isso passar” ou “Neste caso tenho de me comportar de maneira diferente”. Essa autocrítica transporta o homem para o nível de “Homem” porque se tornou algo além da mera criatura bípede que era.

O homem começa a perceber o Criador, e vê quais ações são úteis para ele e quais são danosas.
Quando o homem vê todas as devidas causas e efeitos, ele começa a saber o que é útil e o que não é. Naturalmente, ninguém violará algo conscientemente enquanto vê as consequências.

Portanto, a revelação do Criador concede ao homem a oportunidade de se comportar de uma forma em que cada caso específico lhe beneficie ao máximo. Tal homem é então chamado de justo. Ele percebe o Criador, o simples prazer em estar em sintonia com o cosmo.

O justo sempre justifica o Criador. Quando o homem compreende as leis espirituais de modo crescente, a luz floresce  nele cada vez mais. Esta luz interna resplandece em seu entorno, alcançando uma profundidade e alcances cada vez maiores, beneficiando muitas pessoas.

Conforme o Criador se revela, o homem transpassa a novas situações e cumpre seu papel na escala das interações e acrescenta mais de si mesmo em si e no todo.
Ele vai se tornando mais justo até alcançar um determinado nível no qual é possível sair um pouco mais da relatividade ao adentrar o caminho do meio, em respeito a si mesmo e aos demais. Essa coisa do bom ou do ruim perde os inúmeros significados, deixando de ter uma importância que no fundo só atrapalha. 

O homem vê o Criador em si  não mais como um ser perfeito, bom, ou com tantos outros rótulos, que não passam de rótulos, muito aquém do que seria de fato. Tudo isto resulta de um nível de revelação do Criador verdadeiramente impressionante e sobre o qual nem cabem os mais elaborados textos.

Enquanto o homem vive, compreende que tudo que o Criador faz para ele e para os seus semelhantes provém do desejo de dar prazer infinitamente a todos os seres criados. O homem então é dominado por um sentimento de gratidão sem fim e um desejo de agradecer o Criador por meio de todas suas ações.

Estas ações têm como objetivo doar ao Criador. Isto significa que cada vez mais o "dar" e o "receber" se fundem numa coisa só. Essa condição é chamada de amor eterno e infinito pelo Criador.
Neste estágio o homem entende que o Criador apenas quis proporcionar-lhe os ambientes mais propícios as mais profundas experiências de descobertas de si mesmo. Antes, quando o homem estava em sua condição não compreendida, ele acreditava que o Criador o punha freqüentemente em apuros, lhe trazia aflição.

A Luz do Todo-Poderoso é imutável, mas quando ela entra em um desejo antagônico, faz surgir um sentimento antagônico.
O mundo espiritual é percebido apenas no limite entre condições positivas e negativas. Não devemos temer nenhuma situação que possa ocorrer.

Quando adentramos pela senda dos estudos, da observação de si mesmo e de tudo, subitamente começam brotar problemas, previamente desconhecidos. Não se trata de "obstáculos", de "provas" ou mesmo da atuação de qualquer tipo de força oculta com objetivos escusos de parar o nosso processo. Uma vez começado, nada pode pará-lo.

Nossa noção de tempo-espaço se altera. Os dias ficam muito mais acelerados. E a tendência é que a aceleração prossiga, na medida em que a expansão da consciência apague aos poucos essa falsa noção. O momento, o agora, ganham contornos mais nítidos e aos poucos compreendemos que passado-presente-futuro são uma coisa só.

A consciência expandida, precisa de "menos tempo" para captar os eventos e fazer as transmutações necessárias ao nosso processo em particular. Isso pode fazer erroneamente parecer que há menos eventos ou que eles foram resumidos.
A pessoa então começa a compreender porque percebemos essas conseqüências das leis espirituais de desenvolvimento em nosso mundo. O desenvolvimento da alma é explicado numa linguagem que descreve o desenvolvimento do corpo em nosso mundo.

Nossa sensibilidade aumenta e se interconecta a faculdades relacionadas com o corpo e sua propriedade animal de sentir diversas coisas. Assim como cães e gatos que também podem pressentir a chegada de alguns fenômenos naturais.
Nos tempos atuais muitas pessoas correm para utilizar as assim chamadas técnicas da “Nova Era”, tentando mudar a si mesmas, suas vidas e seus destinos. O destino pode ser mudado, de fato, se você exercer influência sobre sua alma e aprender como lidar com ela nas diversas situações.

As leis do universo passam a ser mais bem compreendidas e nossa resistências a elas diminui, mesmo que aparentemente possam estar indo contra aos nossos desejos. 
As correlações aparentemente distantes entre áreas distintas, como por exemplo, a matemática e a música, ganham relações das mais próximas e até mesmo totais. Enxergamos que tudo está relacionado, se conecta e tem sua razão de ser e de funcionar justamente por existir esta relação.

Quanto a nós, sem nenhuma idéia dos mundos espirituais, devemos simplesmente ler estes livros pronunciando palavras.
O ato de ler e pronunciar desperta pouco a pouco em nós, qualidades até então adormecidas ou esquecidas.
Entretanto, nunca devemos perder o espírito investigativo, curioso, questionador, mas junto a isso manter-se dentro de uma certa equidade. Sem exageros.

Cultivemos uma fé inabalável em nós, mas equilibrando com o nosso racional e confirmando a cada instante a justa medida desta combinação.
Experimentar é a palavra. Cante, dance, leia, estude, pesquise, nade, mergulhe, voe, salte, viaje, conheça outras culturas, caminhe, corra, medite, pratique Yoga e todas as outras formas correlatas, escreva um livro, blog, páginas, ame, namore, fique só, compartilhe.
Em nós, novos desejos se formam constantemente, quaisquer que sejam. Nosso desenvolvimento depende do nível destes desejos.
No começo, nossos desejos estão no nível mais baixo, os assim chamados desejos animais. Depois, estes desejos são sucedidos pelos desejos um pouco mais refinados por riquezas, honras, por uma posição social e assim por diante.

Em um nível mais alto estão os desejos por conhecimento, música, artes, cultura, etc. Finalmente, encontramos o desejo mais elevado: Entrar em contato, avançar e por fim ser a Luz como criadores que somos.
Esses desejos surgem gradualmente nas almas após muitas encarnações neste mundo ou, como dizemos, com o desenvolvimento das gerações. eles podem conviver, até um certo ponto, de forma mesclada.

Primeiro, as almas que viviam exclusivamente a vida de sua natureza animal foram encarnadas em nosso mundo. Com o tempo houve um refinamento e o Homem alcançou grandes avanços paralelamente a natureza de muitos que ainda permaneciam com um instinto primitivo bastante aguçado.
Percebendo a limitação da satisfação que traziam esses novos desejos, o Homem começou a almejar alguma coisa além. Sem saber ao certo, começou a imaginar. O desejo de uma experiência transcendente e superior foi se disseminando e aprofundando. Cada um, de acordo com seu nível de contato com a luz, foi criando um ambiente específico de experimentação espiritual ou mesmo se deixou levar por alguns desses.

É impossível ao homem experimentar dois desejos diferentes porque isto significaria que não foram definidos de maneira adequada. Se eu desejo subir e descer ao mesmo tempo, nada acontece, a não ser um imenso desgaste energético, proporcional ao tamanho dos desejos antagônicos colocados.
Depois de serem analisados e classificados cuidadosamente, parecerá que existe um só desejo. O homem  desperta em si, através do contraste, diversos desejos simultaneamente. Ele então seleciona apenas um deles se for capaz de avaliar seu nível de maneira correta.

O xis da questão não é que os desejos superiores são bons e os desejos inferiores são ruins, mas que os desejos superiores são “grandes” e os desejos inferiores são “pequenos”, no que concerne o grau de profundidade das experiências necessárias ou ansiadas pela alma. 
Por esta razão existe uma tela sobre os desejos superiores, fruto do ato que estabeleceu o desejo de compartilhar, ao contrário do que havia no início de tudo, quando apenas recebíamos do criador.
E se começamos do início, começamos com desejos de natureza animal, fruto do reino que originamos.
Ao evoluir, num longo processo, podemos então nos distanciar desta natureza - animal - sem que perdamos o contato - pois ainda somos animais, mais evoluídos, mas somos.
Os desejos mais fracos passam primeiro por sua transmutação; não requerem muito tempo para este processo. Depois os desejos mais abaixo são resignificados, estes são mais complexos.

Os desejos ditos como "altruístas" precisam ser corrigidos primeiro e depois os desejos ditos como "egoístas". No final deste processo tudo se funde novamente em um só. É por isso que toda a diferença entre os vasos altruístas e os egoístas se resume ao período destinado à fundição.
O refinamento e a transmutação prosseguem num movimento infinito de escalas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS LIVROS E A LEITURA



Pode ser muito bom ler e aprender coisas novas. De fato a leitura engrandece de diversas formas. Devemos sim incentivar aos nossos pequenos o hábito de ler. Este hábito se interconecta a outras qualidades que julgo serem interessantes a pessoa cultivar, tais como: espírito investigativo, curiosidade, foco, concentração e percepção dos detalhes.

Mas como em tudo na vida é preciso desenvolver nossa capacidade de sermos pró-ativos, ou seja, é necessário uma leitura ativa e não passiva, de quem lê e ingere as coisas sem o devido cuidado, sem o devido discernimento, sem questionar e se perguntar: será que essa tese me é útil?

O exercício de buscar dentro de si o eco de tudo que vê no mundo externo, melhor dizendo: o exercício de enxergar que no mundo externo, os eventos e situações são tão somente um eco - com algumas variações de graus e tonalidades - de você mesmo é, ao meu ver, o maior e mais importante de todos os exercícios.

Não se trata de ficar se culpando por tudo que acontece. A culpa é um movimento negativo que te põe pra baixo e não contribui com nada, a não ser pelo fato de te refrear e te segurar dentro do seu processo evolutivo.

Falo de responsabilidade. Do reconhecimento de seu imenso poder e de todas as potencialidades existentes a sua disposição neste mundo tridimensional.
Quando assume com responsabilidade o hábito de ler, ou seja, assume e se mantém ativo e questionador, diz a si mesmo que pode vivenciar todas as experiências e testá-las sem medo das consequências, sejam elas quais forem.

Como sempre digo por aqui, não há o certo e o errado em termos de leitura. Você deve estar atento ao seu momento específico e ler sobre assuntos que correspondam de alguma forma a esta etapa.
Alguns livros considerados "menores", "inúteis", "idiotas" e até mesmo "estúpidos" por alguns, podem ser muito útil a outros, dependendo, como disse, do momento daquela pessoa.

Os livros criam uma espécie de relação a distância entre seu autor (es) e os leitores. Algumas pessoas de maior sensibilidade percebem isso e até se mobilizam para ter contato com o autor e até mesmo com outros leitores, uma vez que forma-se uma espécie de "egrégora" em função dos pensamentos sintonizados no "campo" por uma mesma ideia.

Muitos autores escrevem sem saber com precisão, as consequências deste ato. Não só pelo que dirão aos seus leitores, mas sim pelo resultado das reações deles ao que foi escrito.
Eu falo a nível dos intercâmbios energéticos, apesar de saber que existem reações físicas bastante contundentes que alguns autores sofrem.

Escrever é uma tarefa bastante prazerosa mas ao mesmo tempo muito delicada. As palavras e as frases formadas por elas, além de limitadas em sua concepção, dão margem a diversas interpretações. Às vezes falamos de um determinado detalhe de um assunto e o entendimento descamba para algo que não tem nada     a ver com o mesmo.

É um exercício de puro refinamento, mesmo em se tratando de assuntos grotescos.
Veja você que os livros são ao mesmo tempo um grande exercício tanto pra quem escreve quanto pra quem lê. E assim como em outras formas de interação, nos possibilitam variadas formas de experienciar diversas situações que certamente irão contribuir com a nossa estada por aqui.

Recomendo a todos, mesmo os que não se acham talentosos, que tentem escrever sobre algum assunto. Você perceberá o desenvolvimento de muita coisa interessante e proveitosa em seu universo particular.
Boa viagem!

terça-feira, 12 de julho de 2011

O EGO.


Ego, palavra gasta. Ego, muito se fala mal. Mas estamos aqui, coladinhos com ele. E agora? Cerca de 99% de tudo que vê, de como age, do que fala, vem dele. Ou seja, mesmo sem ser, o Ego é você!
Que jogo sujo é este? Afinal qual seria o melhor lugar para ele se esconder? E não é só dentro de você que ele se esconde. Ele se esconde atrás de tudo que você é. Cada pensamento, cada sentimento. Como vou poder diferenciar o que é da minha Essência divina,  do que é do Ego? Será mesmo que o Ego é 100% ruim?
A luz nasce da sombra. O ato de vivenciar a sombra te traz a luz. Quanto mais consciente for esta vivência, mais rápido a luz chegará. E quando ela chega a sombra deixa de existir. Chega a um ponto que a luz preenche todos os vazios e aí, não há mais sombra.
O Ego precisa se esconder. Ao analisar esta frase percebo que nela, encontro a resposta que desejo. Se ele se esconde, significa que não pode ser visto. Se for, de ante mão, algo pode acontecer. Ou seja, o próprio Ego já me diz o que tenho que fazer para que ele saia. Por isso, ele se esconde desse jeito, e a maioria das pessoas nem percebe que ele existe. Um outro tanto até percebe, mas não sabe o que fazer. No máximo tenta reprimir. Só que quando reprime ele se fortalece, se desdobra e encontra mil e um artifícios para se expressar, independente dos prejuízos que possa lhe causar. Pois como ele mesmo diz, é sempre muito bom ter razão. As vezes penso que para o Ego, ter razão é mais importante que a própria vida...
E para ter sempre razão, ele precisa desenvolver a sua inteligência para criar argumentos, motivos, situações que justifiquem o injustificado. O consumo de energia é intenso. Dá muito trabalho ter razão e mais trabalho ainda fingir que aceita não ter, numa boa, quando lhe faltam evidências.
Existe uma diferença brutal entre a Essência e o Ego, mas que só pode ser vista por olhos bem atentos. Senão, esta diferença some no tempo-espaço e se sutiliza de tal forma que você jura de pés juntos que esse é você!
É preciso compreender o Ego e talvez começar a jogar um pouco o jogo dele para que ele se exponha. Você só o compreenderá se expô-lo. E ao fazê-lo,  você se expõe!  Vai encarar? Neste caso o Ego é você! Mas é claro que, ao mesmo tempo, ele não é! O Ego não passa de uma situação. Se esquecer a situação ele acaba. Dizer isso, reconheço ser muito simplista, porque estás amarrado na situação de tal forma, que se os vínculos a ela fossem retirados, morrerias por um apagão de falta de identidade.
O Ego se prende a questão da identidade. É muito forte e profundamente enraizado este parâmetro. Imagine-se acordando pela manhã sem um nome, sem seus conceitos de certo e de errado, sem reações prontas pra explodir, sem "aqueles" planos traçados, sem uma maneira "certa" de se vestir, e sem um monte de outras repetições, que com certeza me diria: Como posso viver sem elas?
Se ainda fosse uma única mascara e identidade que ele assumisse, mas não, elas são múltiplas e ainda por cima, consideradas por muitos como "muito boas"...
Ao vestir esta máscara ele produz com intensidade um forte pensamento a respeito, que induz automaticamente ao sentimento correlato, que dará a "base energética" para imprimir dentro de você a sensação de que aquilo é real, muito real.
Tanto que muitos chegam a matar em nome dessas fronteiras.
Imagine um grande terreno vazio e sem muros. Na minha cidade, logo logo ele seria ocupado por invasores. O ego existe porque foi deixado um "espaço vazio". Aonde a essência não se manifestou, não fechou o terreno, os ocupantes chegam e gritam palavras de ordem, se dizendo "proprietários" daquele espaço. 
O Ego se aproveita da nossa omissão de sermos quem podemos ser. E depois de instalado, constrói barracos de tijolos e cimento. Se junta em turmas (tipo associação de moradores), e uma vez assim, torna-se um pouco mais complicado de remover.
Ele se protege desta forma porque ganhou vida própria e ela, se alimenta das nossas emoções. Precisamos ao menos perceber como nos sentimos na diversas situações, principalmente naquelas em que nos "tiram a razão".
Se conseguir perceber o Ego atuando e os pensamentos/sentimentos que surgem, será um sinal claro do universo que está pronto para lidar com aquela questão específica. Assim como com as demais, pois o Ego não trabalha sozinho. Ele chega em bando, como se fosse o fio da meada que se origina de um passado muitas vezes bem remoto.
É como se estivesse no pátio da escola, e ao menor sinal de rebeldia, eles se juntassem em uma grande patota para lhe espancar pelo atrevimento em desejar sair da sua influência.
Mas como sempre digo aqui, não se trata de uma luta. De forma alguma deve desejar se ver livre, esconde-lo, brigar com ele. 
O Ego precisa ser COMPREENDIDO! 
Você jamais aceitaria entrar no ringue para lutar com o Mike Tayson. Seria pura perda de tempo e energia. Não temos noção exata do tamanho daquele determinado Ego. Existem Eus que são verdadeiros lutadores de Sumô. Você ganha muito mais aprendendo a apreciá-los, a entender seus motivos. Diferente de passar a mão na cabeça. Não se trata de amar o Ego e sim de respeitar, pois afinal é criação sua! O caminho da conciliação é sem dúvida o melhor de todos. Todavia, não devemos confundir conciliar com procrastinar, com hesitar, com fugir da questão. Ela precisa sim ser enfrentada, mas com inteligência.
E eu garanto que já tem dentro de si todas as ferramentas necessárias para sair desta viagem mais que vitorioso. Você pode sair dela sendo a própria luz.
Todo e qualquer tipo de vergonha, de medo ou mesmo de raiva, ódio, ressentimento que gera dentro de si por estar numa condição desagradável, só reforça mais daquela condição.
Sim, o medo chega, a dúvida, quem sabe até um pouco de lamentação. O problema não é se sentir assim, e sim se prender a isso e nada mais fazer.
Como já disse várias vezes: Você precisa viver, pelo menos um pouco, tudo aquilo que deseja se livrar. Pois só a vivência, com atenção, traz a compreensão necessária para realizar as mudanças que necessita em sua vida.

sábado, 9 de julho de 2011

NÃO SE PREOCUPE COM NADA EM RELAÇÃO AOS OUTROS..



Deixe de se preocupar com relação aos outros. Trata-se de um vício que prevalece. Que
faz com que continue eternamente fazendo o que você sempre fez porque foi adestrado para isso e se viciou. Noventa e nove por cento das coisas que você pensa estão relacionadas com os outros.

Abandone-o já! Sua vida está escapulindo pelas suas mãos. Não é possível que esqueça de si, quando lembrar seria a melhor forma de cuidar dos outros. Se lembrar de você, se reconhecer quem é de fato, perceber a magia que há no ato de sentir-se, estará dessa forma cuidando de si e muito mais dos outros também, do que pensa fazer hoje quando se preocupa excessivamente com a vida alheia.

Seja um pouco mais inteligente. Não se preocupe com nada em relação aos outros. Dê prioridade para lidar com o problema que for maior. Gurdjieff costumava dizer para seus discípulos – a primeira coisa, a primeira coisa mesmo, “Descubra qual é a sua principal característica, seu maior problema, sua característica central da inconsciência”.

Em cada um é diferente. Alguém é sexualmente obcecado. No mundo de uma forma geral, onde por séculos o sexo tem sido reprimido, isso se tornou quase que uma característica universal; todos são obcecados pelo sexo. Alguém é obcecado pela raiva e outro é obcecado pela ambição.

Você precisa observar qual é a sua obsessão básica. Primeiro encontre a principal característica sobre a qual repousa todo o edifício de seu ego. E depois permaneça constantemente cônscio disso porque isso só pode existir se você estiver desatento. Isso é automaticamente dissolvido no fogo da consciência.

E lembre-se, lembre-se sempre, que não é para você cultivar o oposto disso. Senão, o que acontece é que a pessoa se torna consciente de que, ‘Minha obsessão é a raiva, que devo fazer então? Devo cultivar a compaixão’. ‘Minha obsessão é sexo, que devo fazer então? Devo praticar brahmacharya, o celibato.

As pessoas se movem de uma coisa para o seu oposto. Esse não é o caminho da transformação. É o mesmo pêndulo, movendo-se da esquerda para a direita, da direita para a esquerda. E é assim que sua vida tem estado se movendo por séculos; é o mesmo pêndulo.

O pêndulo precisa parar no meio. E esse é o milagre da conscientização. Apenas fique cônscio de que, ‘Essa é a principal armadilha, esse é o lugar onde sempre tropeço, essa é a raiz da minha inconsciência’. Não tente cultivar o oposto disso, mas derrame toda sua consciência nisso.

Crie uma grande fogueira de consciência e isso será queimado. E assim o pêndulo para no meio. E com a parada do pêndulo, o tempo cessa. Você subitamente penetra no mundo da intemporalidade, imortalidade, e da eternidade.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O EFEITO SOMBRA.



Toda a luz produz uma ou mais sombras. Veja a luz do sol que apesar de se "espalhar" por toda a superfície do planeta, sempre encontra um anteparo, que por sua vez contribui no processo de criação da sombra.
Luz e sombra são uma coisa só. Uma é desdobramento da outra. O movimento de manifestação do universo necessita das duas para manifestar e criar o ambiente da experiência relativa. 

O "anteparo" pode ser qualquer um de nós e os demais seres. Somente aqueles pertencentes ao mundo do relativo. Esta é a síntese inicial da luz e da sombra. Inicial por não estar completa, mas por estar em um estágio, digamos assim, de desenvolvimento. 
O estágio inicial de reconhecer a consciência, somente se desenvolve através da comparação. Eis um intrincado mecanismo. A consciência é "virgem" em muitas manifestações e por isso "necessita" da comparação, não para que ela aprenda nada, e sim para que ela se sinta impelida a se "mexer"... A comparação ou seja, a vida em si é um cutucão que se dá na consciência.

Chamo de consciência, a alma, a essência, o EU superior, o self, ou qualquer outro nome para tentar definir aquela parte perene em nós, a nossa verdadeira origem, a energia inteligente que nos mantém vivos aqui.
Mas se para fazer a consciência se manifestar em todos os níveis eu preciso cutucá-la. Esse cutucão, precisa ser bem sofisticado e inteligente apesar de ser também muito simples e direto.
E nada melhor que o contraste, que a comparação, que o oposto, que a antítese em várias formas, níveis e intensidades diferentes para provocar esse latejar de infinitas variedades. 

Se as possibilidades da consciência são infinitas, os estímulos também devem ser. Não se desenvolve um "equipamento" deste nível com estímulos limitados.
E aí está a vida, portadora de todo esse arcabouço de estímulos, capazes de nos cutucar de múltiplas formas. A vida é imensa em sua complexidade interativa e nem podemos mensurar isso.

O efeito sombra, muito bem propalado em livros, cursos e palestras, é sem dúvida o resultado deste infinito sistema criado para desenvolver e para fazer com que a consciência se expresse com a máxima amplitude. Apesar de ser impossível daqui de onde estamos, medir essa "amplitude", segundo qualquer critério existente atualmente.
A consciência não pode ser medida em escala linear. A consciência sequer pode estar em uma escala.Toda a forma de medir, avaliar, quantificar é por si só limitada. E a consciência é ilimitada.

O efeito sombra tem a ver com aquilo que aparentemente nos "falta" e pomo-nos a buscar. Essa sensação de falta aponta nossa atenção para o que está oculto, opaco, mas que está lá, não em um "lugar específico" dentro de nós, mas sim em toda parte de nós, sem que se evite a sensação abíngua de SER e TER e de não SER e TER ao mesmo tempo. Uma sensação deveras incomoda para aqueles que a percebem, sendo perfeitamente compreensível, após alguns kilometros de jornada, as suas razões.      

Portanto, o ego, o oponente, a nossa sombra, NÃO SÃO NOSSOS INIMIGOS! ALIÁS, SÃO SIM, NOSSOS MELHORES AMIGOS! Eles estão aqui para nos ajudar a fazer com que nossa consciência se expresse com a plenitude total!
A interpretação distorcida que se dá deste fundamento, muitas vezes fruto do que ouvimos a vida toda com histórias da carochinha sobre deus, diabo, fogo do inferno e outras grandes bobagens mais, atrapalha bastante o andamento do processo que foi concebido para ser gostoso, leve, rico, pleno e muito alegre!

Precisavam te convencer de alguma forma que o sofrimento enobrece, que ralar na vida faz parte, que a pobreza e o sufoco trazem muita sabedoria... Aff... Quanta bobagem!
Realmente existem pessoas que só funcionam no tranco, mas essa não é a principal forma de fazer as coisas.
Aquela imagem de cristo pregado na cruz foi o maior, eu disse: o maior crime já cometido contra a humanidade! 

Veja não me interessa se aconteceu ou não. Essa não é a questão. Estou falando da finalidade escondida por trás desta história que afetou de sobremaneira o desenvolvimento da humanidade e se não foi arquitetada por mentes muito, mas muito podres em todos os sentidos, pelo menos foi muito bem aproveitado por essas mesmas mentes doentias.

Ainda bem que isso é passado e pode ficar muito bem obrigado por lá, e caso eu decida, em nada me afetará!
Mas vemos um resquício muito forte desta herança maldita - que talvez nem seja tanto, se observar que este desafio pode também contribuir como um forte estímulo que venha a desenvolver a nossa consciência de uma maneira que só aconteceria se esta história fosse mesmo contada como foi.

Percebo o embaraço das pessoas em falar e lidar com as próprias sombras. E por sombra, devemos entender não são só aquelas coisas que julgamos ruins, - independente de serem ou não - mas também uma infinidade de coisas prazerosas e maravilhosas que poderíamos expressar e manifestar aqui, mas que, por causa do medo, vergonha, raiva, ciúme, inveja, cobiça, e de outros sentimentos e limitações auto-impostas não fazemos.

Precisamos urgentemente acabar com idéias que impedem a aproximação de nós com nós mesmos! Já falei no blog, em vários posts sobre aceitação, portanto não vou me estender aqui. Mas a primeira palavra que vem realmente é essa: Aceitação! Deixe de lado todo e qualquer tipo de embaraço em lidar com suas deficiências e limitações. Se abrir sua mente assim, já terá dado um passo importante. 
Nossas sombras, apesar de sabotarem muitas coisas que tentamos fazer e com isso causar enormes prejuízos, são sim nossas, melhores amigas.

Há que se deixar de lado urgentemente o medo e a vergonha em lidar com o medo e a vergonha.

Agora é claro que não vou viver recheado de sombras. E nem devo. Pois vim aqui para reconhecer-me, saber quem sou, lembrar de mim. E para isso tenho que jogar luz (consciência) no que está guardado. Nada de entrar em guerra e de brigar com qualquer aspecto seu, apenas olhar para ele e apreciar todo o mecanismo embutido nisso. Fazer um estudo desapegado de si e tranquilo como quem observa uma linda paisagem do por do sol.

Foram tantas sombras acumuladas pelos séculos de uma existência despercebida, que seu poder reunido, em uma única pessoa, seria capaz de dizimar o planeta Terra. 
Há que se respeitar e lidar com ela num movimento de aproximação e não de afastamento e ocultação como fazem a maioria das pessoas.

As sombras devem e podem se reintegrar ao seu ser. Elas fazem parte dele. Não há como jogá-las fora. Não existe o lixo. O que há é a possibilidade de reciclá-lo. Sendo assim, pare de querer destruir ou esconder. Olhe para suas sombras. Converse com elas. Procure entender como elas agem e o que querem. Existem diversos motivos para a existência de sombras em nossa psique. Esses motivos, apesar de interessantes, não são e nem nunca serão um motivo para permanência delas, nesse estado sombrio.

O viver de modo inconsciente cria sombras. As vezes são máscaras, personagens que criamos, coisas que os outros queriam que fôssemos ou fizéssemos. Nesse caso deixamos de lado o que deveríamos SER ou FAZER aqui, para fazer coisas que nada tem a ver, e com isso nos afastamos da nossa essência, do nosso propósito. 
Este fato gera um conflito interno tremendo e cria sombras de difícil solução. A não ser que retornemos e compreendamos o que de fato queremos SER, TER ou FAZER.
O mundo externo nos ajuda trazendo os estímulos inerentes as interações. É importante viver isso, mas sempre se voltando aos reflexos criados em nosso mundo interior.

Tudo, mas absolutamente tudo está dentro de você. O "bem" e o "mal" que pode lhe acontecer. Aquilo que vive e deixa de viver. Todas as opções estão aí dentro, agora, nesse exato momento. Como disse, aproveite os estímulos que o mundo exterior nos traz a cada instante mas não se identifique com eles. 
É um jogo que só se aprende jogando. Se relacionar diariamente com um mundão desses sem se prender, apegar  e se identificar é uma tarefa simples, mas que pode ser bastante fácil ou difícil, dependendo unicamente da sua pré-disposição em estar ali, na vida, e participar dela sempre se lembrando de você.