Fomos ensinados desde a gestação a por nossa fé num ente externo…
Desde pequenos nos ensinam a olhar pra fora e só pra fora. Daí a dificuldade de se ter fé de uma forma natural. A fé, assim como a alegria (irmãs gêmeas) nascem de dentro. Ela não pode e não deve depender de nenhum fenômeno externo. Em nosso interior está todo o nosso poder e tudo que somos. Portanto, ter fé é um ato de reconhecimento de nós mesmos. É perceber, sentir, ver essa imensa força que nos habita e permitir sua fluência natural. É simplesmente ser!
A fé seria uma espécie de medidor de a quantas anda nossa conexão conosco. Além, é claro, da nossa vida como um todo que serve de parâmetro. Se tenho fé, estou conectado, e assim vivo bem. Simples. Como disse, não há necessidade alguma de se esforçar para ter fé. Aliás, se tem que se esforçar, e por mais que o faça, ainda não será a verdadeira fé.
Os melhores exemplos de fé são as crianças. Elas nos relembram a cada instante aquilo que esquecemos, ao adentrar pelas estradas tortuosas de uma vida de medo e de preocupação com o que os outros vão pensar. Criança não tem isso. Ela vai e faz. Se quer chorar ou fazer suas necessidades fisiológicas, ela faz. Não sente vergonha e muito menos se tranca. É espontâneo.
Se vai atravessar uma avenida movimentada, chega beirar a insanidade, tal é a sua tranquilidade. Se deixarmos, ela vai sem olhar. Se damos as mãos, ela não pensa se vai conseguir, ela não se questiona sobre os possíveis perigos ou se é mesmo a hora de atravessar. Ela simplesmente vai! ISTO É FÉ!!!
Perceba a naturalidade de uma criança e compreenderá muito bem o que te relato nestas linhas.
Relembrar, resgatar e reconhecer este grande valor, que apesar de esquecido, muda tudo, completamente.
Algumas pessoas poderão dizer: Sem o nosso senso crítico desenvolvido, correríamos riscos, agindo como criança em meio as adversidades da vida. Parece inclusive um argumento muito lógico. Só que...
Se fôssemos educados de forma a manter a nossa fé e ao invés de desenvolver um senso crítico, muitas vezes impreciso, desenvolvêssemos a percepção e consequentemente a consciência, uma vez que a percepção é uma das infinitas qualidades da consciência, então, estaríamos livres, até para atravessar uma avenida movimentada sem olhar!
A consciência está em tudo e tudo está na consciência. Soa bonito, eu sei. Mas vamos dar um exemplo simples para que você tenha uma noção melhor do que eu explico aqui. Se você machuca o dedinho do seu pé, e ele fica dolorido ou latejando durante um tempo, o que acontece com sua atenção durante este período? Ela estará focada no dedinho que dói, muito mais do que seria o normal. Agora, se durante este mesmo período, você queimar sua mão num ferro quente ou num fogão, o que vai acontecer? Sua atenção ficará dividida, mas ainda sim se manterá nos dois pontos avariados até que passem.
Tente agora imaginar isso acontecendo. Isso é a consciência, trabalhando na recuperação da avaria. A atenção e a percepção são atributos inerentes dela. Você sente melhor, percebe melhor esses pontos em virtude da consciência ter sido, digamos, estimulada a focar naqueles pontos e ao mesmo tempo no evento ocorrido.
Essa descrição sucinta de um evento que demonstra um estado "alterado" de consciência nos mostra o que de fato deveria ter sido estimulado desde cedo. Não através deste processo de dor, que é o que geralmente acaba acontecendo em virtude da nossa omissão, bem como as dos irmãos mais velhos, das pessoas que chegaram aqui "antes" de nós.
Seria como se pudesse perceber em 100% do seu tempo todas as partes do seu corpo, como as que percebe quando as machuca.
Dessa forma não desenvolveríamos um espírito crítico destruidor e sim observador, que como disse, é algo que nasce com a gente e nos é perfeitamente natural. Esse espírito crítico mais comum de hoje em dia é uma espécie de armadura que vestimos, como se fôssemos a uma guerra que não existe.
Mesmo estando com este espírito que constrói a descrença em nós mesmos, baseados numa educação que afirma constantemente que a solução está lá fora, em algum lugar e nas mãos de alguém, é possível reconstruir essa fé, que na verdade nada mais é que um reconhecimento de nós mesmos, do nosso valor, do nosso alcance ilimitado.
O caminho pode ser muito mais fácil do que imagina. Ativar mais a nossa percepção! E um dos melhores caminhos é o caminho do sexo!
Que coisa, né?! O que o sexo tem a ver com a fé? Simplesmente TUDO!
Um sexo bem feito ( não me refiro de forma alguma àquela ideia de performance de filmes pornô ) traz em seu bojo, um desenvolvimento explosivo da capacidade de percepção. E desenvolvendo a percepção (consciência), você reduz até zerar este espírito crítico baseado em parâmetros incompletos.
E para esse alcance temos excelentes ferramentas, tais como: Tai chi chuan, tantra, Yoga, música, artes e suas variações.
A criança não tem espírito crítico. Ela apenas pergunta e formula suas conclusões, mas sem nenhum tipo de "ataque". Conforme vai crescendo ele aparece, em virtude das inúmeras exigências que fazemos, em nome da tão propalada "educação". Na verdade estamos deseducando as pessoas. Estamos emburrecendo-as!
Entenda que não prego que devamos abrir mão de um espírito crítico. É lógico e mais que óbvio que devemos manter nossa capacidade de analisar o que se passa.
Eu me refiro a um enrijecimento baseado em velhas ideias e a uma inflexibilidade que não permite que experimentemos um verdadeiro avanço na compreensão desse mecanismo que faz a gente acreditar e desacreditar em algo.
Se a fé se esvai, "perdemos" todo o nosso poder...
Toda e qualquer prática, além da sexual, que leve ao crescimento da percepção, é sempre bem-vinda! Resgatar a fé nos moldes de quando éramos crianças - sim, é possível - tem um valor tão inestimável que não daria pra explicar aqui.
Estando consciente, você não precisa se resguardar. Não precisa do medo e nem de todos os seus inseparáveis "amigos".
A consciência e o SABER que ela trás, transmuta todos os sentimentos que hoje constroem as barreiras que nos separam de tudo aquilo que somos e consequentemente do que queremos.