sábado, 29 de setembro de 2012

O EFEITO JITTER.

                                                                          figura 1


                                                                        figura 2


Vamos agora tratar da questão das crenças e de todos os agregados energéticos que compõe o ser humano sob o ponto de vista da eletrônica. Esta explica muito bem como funciona em nossa psiquê e em nosso corpo físico, a questão dos ruídos, das distorções que tanto atrapalham um modo de vida mais em sintonia com quem somos.

Procurarei ser o mais simples e didático possível e lhe peço que qualquer dúvida me escreva perguntando. Ordens do chefe. Apesar da extensão do artigo, será simples entender, se tiver um genuíno interesse em fazer as associações e traçar paralelos em sua própria vida. E com isso, aumentar a percepção para tudo aquilo que de um jeito ou de outro te incomoda.

O "jitter" é uma espécie de ruído ou interferência. Esta palavra do inglês significa basicamente "agito". Este "agito" pode ser comparado não só ao nosso agito aqui como pessoas, mas sim ao nível de consciência enquanto me movimento, nas mais diversas experiências. De maneira mais simples ele se dá pelo movimento da onda e as suas interações com o meio por onde passa. Tal como está na figura 1. Todo movimento gera repercussões e interações. Tanto consigo mesmo, como com os meios ou os ambientes pelos quais ele passa.

Um bom exemplo é quando enfia a mão numa água parada. Dependendo do "agito", do frenesi deste movimento a água entorno forma ondas cada vez maiores ou menores. Já vi pessoas colocarem a mão na água com velocidade e não produzir quaisquer ondas. A harmonia do movimento - sem "jitters" - era tanta que não perturbou a quietude da água.
Lembrando que a desarmonia também é importante porque desloca e cutuca a consciência numa amplitude maior e nos faz perceber o que nunca antes foi percebido.

Nada a ver com a ideia de que precisa passar por isso ou por aquilo para ter méritos e conseguir algo. Esqueça essa ideia! Falo de experienciar e comungar com o movimento da vida e com o fluxo universal em seus infinitos pontos. Precisamos da expressão viva do universo - em forma de pessoas - nos mais diversos posicionamentos e se expressando com suas peculiaridades. A expressão viva do universo tem infinitos matizes afim de produzir o mais amplo contraste em nossa experiência para que haja uma realimentação do infinito fluxo da vida.

Imagine a onda - movimento da energia no circuito - neste caso quadrada - desenhada na figura 1 - num movimento ascendente pela esquerda, até chegar ao topo e se mantendo lá por um período até que desça pela direita. O ato da onda subir ou descer provoca, não só por esse movimento, mas também, como disse, pela interação com o "meio-ambiente", os ruídos vibratórios assinalados no desenho como "jitter". Esses ruídos podem oscilar paralelamente ou perpendicularmente a essa subida ou descida da onda.

O movimento da onda se equivale ao nosso movimento na vida e o "jitter" a resultante deste movimento e comparado a nós como as crenças e toda e qualquer interferência energética que "atrapalhe" o andamento desta onda.
A crença é energia. E como tal, vibra. E se vibra, expande, pois as oscilações mexem com o ar, o éter, ou seja: com qualquer meio que ela possa alcançar, dependendo da sua intensidade ou amplitude.
Um oscilação, que é o nosso movimento natural, no dia a dia, gera sub-ondas que formam uma cadeia, parecido com o efeito dominó.
Dependendo do ritmo, ou seja, da frequência da onda, assim como da sua forma, inclinação, amplitude, este ruído pode variar. Não é só o fato da onda se mover que causa o ruído, mas também o como ela se move.

Esse "como", pode provocar "jitters" de infinitas formas. Formas essas que irão "atrapalhar" o andamento e o movimento dela. Na engenharia eletrônica existem dezenas de formas de anular ou reduzir este efeito. Na vida também.

Um dos fatores de ajuste para redução do "jitter" são ajustes e adequações nos meios por onde a onda irá passar, tornado-os menos "resistentes" a ela, assim como adequando-os ao seu porte e conteúdo. Assim também é na vida. Precisamos nos adequar aos caminhos. 

Se tem 1,90m de altura não vai construir uma casa com portas e ambientes de 1,80m. Você vai até entrar, mas ficará com o pescoço entortado. Muita gente vive assim e não se adéqua. Eu quero dizer que essa adequação pode ser de múltiplas formas, desde aumentar a altura das portas, trocar de casa, refaze-la ou mudar a sua maneira de andar dentro dela. 

Enquanto se forçar viver de um modo contrário ao que deseja, mesmo que perfeitamente justificado, irá por si mesmo gerar ruídos e interferências - "jitters" - durante todo o tempo que assim permanecer. E estes vão se acumulando, pois ficam armazenados em um depósito que existe em nosso corpo físico: a barriga.

Ao se acumular, os "jitters" começam a interagir entre eles. Independente se há ou não grandes movimentos da onda, ou seja, se nós nos movimentamos com mais intenção ou não, esses "jitters" estarão  se auto impregnando e ganhando força através de qualquer um dos nossos movimentos, até mesmo os basais, tais como a respiração e  o batimento cardíaco. Que dirá dos pensamentos e sentimentos. Com esses os "jitters" enchem a pança.

Na figura 2 podemos observar que o "jitter" tem camadas. A linha vermelha, mais grossa, representa a onda na subida. Já a roseada, a azul e a verde são as camadas de "jitter" que podem ser comparadas as camadas de crenças em nossa psiquê. 
As camadas mais profundas podem ser ruídos mais intensos, mais antigos ou então reforçados dia a dia por pensamentos (movimentos) repetitivos. A camada mais externa é um pouco mais fácil de ver e até de re-sol-ver. Sendo que conseguir vê-la é fundamental.

É muito importante entender que o que nos atrapalha não é nosso inimigo e nem tampouco quer nos destruir. Eles existem tão somente devido a resultante do movimento desalinhado ou mal colocado no meio em que vivemos.
Observar os movimentos e o que eles precisam para se expressar é de fundamental importância para que o movimento ocorra sem interferências.
Os movimentos devem ser livres de qualquer ideia repressora ou reprimida. Toda a dificuldade de movimento sinaliza a falta de um ou mais pré-requisitos.

Busque a sincronicidade. As vezes tudo que fazemos está certíssimo. Os movimentos estão corretos, apenas estão fora do tempo. E aí começamos a mudar os movimentos que se tornam então inadequados ao que queremos, quando bastaria apenas prestar a atenção no momento adequado. 
Todavia nem sempre teremos a resposta exata e logo de cara para entender o que falta. Sugiro experimentar.
Entenda: "seus movimentos precisam acontecer livremente!" MAS DENTRO DO FLUXO!!! Copiou?! Conciliar a ideia de "liberdade encaixada no fluxo" que é infinito, e portanto oferece todas as opções de expressão para que se comporte sem limitações.

E como disse, para que atinja uma percepção mais refinada é necessário que varie a experimentação e troque o movimento, troque o ambiente, troque o ângulo, troque de intensidade, troque de ritmo ou tudo isso junto. Não pode se conformar com movimentos que tropeçam, que empacam ou que exigem esforço.
A dificuldade está em que nos acostumamos assim e ainda achamos ser normal e meritório. A facilidade, a fluência assustam, por mais que aparentemente a desejemos.
Nunca vou parar de repetir: a vida é fácil! A facilidade é um fator natural, normal. Todo o resto são ilusões de tampões e remendos.

domingo, 23 de setembro de 2012

MUITO ALÉM DAQUILO QUE ACHAMOS.



A vida para muitos é complicada, difícil e sem explicações que satisfaçam. Vivemos num "loop" infinito, presos aos mesmos pensamentos e as repetições automáticas de sempre. Mesmo aqueles que são um pouco mais arrojados, vez por outra são "pegos" no disco arranhado da repetição.

A repetição por si só não é um mal se for escolhida espontaneamente. Não há um mal intrínseco a nada. O que há é o que nos tole a liberdade, que nos limita e impede uma experiência mais ampla.

Herdamos dos ancestrais mais longínquos uma exacerbação do instinto de sobrevivência. Este instinto básico e muito forte que pode nos levar a tomar decisões muito irracionais em nome de uma pseudo segurança, pseudo proteção de um perigo na maioria das vezes inexistente ou imaginário.

Esse instinto somado a evolução dos pensamentos e a maneira de ver a vida de forma mais "inteligente" - através da sofisticação das disputas de poder e do desejo de segurança - ao longo das gerações, foi recrudescendo em cada um de nós a sensação de que era preciso lutar, se proteger e disputar um lugar ao sol, aonde cadeiras numeradas eram em número limitado e muitos de nós poderiam ficar de fora.

Essa ideia não foi somente ensinada e passada de maneira tão direta de geração em geração. Foi passada de uma forma muito mais poderosa e subliminar, até mesmo do que poderia ser dentro do seio familiar. Essa ideia foi se espalhando de várias formas, não só na família, sociedade e costumes, mas também na forma de falar e de como tratamos as pessoas, mesmo quando estamos calmos e educados.

Dentre as inúmeras distorções produzidas e perpetuadas está aquela muito bem mostrada em livros e em grupos que tratam, lidam ou praticam. Trata-se do Sado-masoquismo. Este tem várias modalidades, níveis e não está, ao contrário do que muitos pensam, associado somente ao sexo.
O sadismo (prazer na dor alheia) assim como o masoquismo (prazer na própria dor) e a combinação deles está muito presente em nosso dia a dia e não só nas relações, mas principalmente em nós. Na relação que temos conosco.

E o mais incrível é que nos acostumamos a ele a tal ponto que nem o enxergamos mais. Fazemos auto-penitências diárias e uma vez ou outra quando falamos sobre isso, tratamos logo, como de costume, lançar a culpa em qualquer ser ou objeto existente no planeta e até mesmo em coisas invisíveis aos olhos ditos normais.

Compreendo que a primeira reação de quem ler estas linhas será de descrença, dúvida e até mesmo sarcasmo. Eu diria que na mesma medida que estiver o seu sarcasmo, lá estará o nível do seu masoquismo.
Como sempre, sem a sua observação desprovida de pré-conceitos, desprovida de um novo olhar, será impossível qualquer avanço.

E o que vai acontecer é que a vida seguirá em frente do mesmo jeito ou com pouquíssimas mudanças, sendo que estas serão a base de sacrifícios e esforços completamente desnecessários. 
O ponto nevrálgico está justamente no fato de que ninguém deseja sofrer e que esta ideia é difícil de ser aceita não só a nível intelectual, mas principalmente pelo fato dela já estar tão enraizada em nossos costumes que temos certeza absoluta de que é normal a vida ser assim, do jeito que tem sido para a maioria. Só que não é! Trata-se de um forte condicionamento, que só pode ser mudado a partir do momento em que a ficha cair.

Existem diversas armadilhas psicológicas que mantém este condicionamento em pleno funcionamento. Dentre elas está o fato de - por terem sofrido - as pessoas entrem numa situação de protesto contra a vida, Deus, o Universo ou até mesmo contra outras pessoas, se achando injustiçadas ou por não terem suas preces ou pedidos atendidos. Ao fazer esse movimento de súplica, de pena de si mesmas, aos poucos o corpo se adapta e começa a buscar frestas de pequenos prazeres. Nossa base aqui é o prazer. Se a pessoa se submete a longos períodos de dor, nosso corpo, através do instinto de sobrevivência, procura prazer neste ato, como forma de sobreviver, pois ele não consegue viver muito tempo sem prazer.
Existe um prazer cínico em reclamar e choramingar. Observe! 

O prazer é gênero de primeira necessidade, assim como o ar, água e a comida.
E de alguma forma nós encontramos. Se tem dúvidas, procure e converse com pessoas que praticam sado-masoquismo a nível sexual, pois fica muito mais fácil de ver quando uma pessoa tem orgasmos - até múltiplos - ao ser ferida ou ferir física e/ou psicologicamente. Comprovando tranquilamente o que digo.

Outros já insistem na dor como forma de chantagem emocional para os pais, amigos, parceiros. Uma tática de cobrança que gera prazer, principalmente quando percebemos que afetou o outro de alguma forma.
E esse prazer, ainda que pequeno, mantém a roda da repetição girando, como se tivéssemos nos acostumado com migalhas. 
Nesta visão distorcida, as migalhas parecem muito. E tudo que merecemos...

Um engano colossal. Talvez o maior de todos, uma vez que provoca tantos outros em sequência.
Essa escuridão também é mantida por lhe dar um falso senso de identidade. O hábito e a repetição criam um ambiente que por pior que seja, nos parece um tanto familiar e seguro.
Não sabemos o que há lá fora. Na dúvida, melhor não arriscar, pois teríamos o trabalho de achar em uma nova situação uma nova fresta aonde poderíamos com muita dificuldade respirar um pouco de prazer.

Num relacionamento aonde sempre existem jogos de poder e com isso um vício em discutir sem parar sobre qualquer coisa, até as mais banais, sentimos o grande desgaste que há. É urgente perceber e experimentar não desejar ter razão e passar a validar o outro. 
Suspender imediatamente as acusações de qualquer tipo e se focar nas necessidades do outro assim como nas suas.
É preciso estar atento, treinar e persistir.

Desenvolver uma linguagem mais amorosa e escapar da prisão do medo, das disputas e competições.
Sempre que tiver um impulso de atacar, acusar, apontar "erros" e "falhas" dos outros, transmute imediatamente este impulso em pergunta: "Qual é a sua necessidade?" "O que quer?" para o outro. E pra você mesmo: "Isso que vou dizer atende minhas necessidades?" "Serve aos meus propósitos?" "Facilita ou dificulta o que desejo?"
Se conseguir perceber como isso abrirá portas na sua vida, como facilitará seu trânsito nos relacionamentos, trazendo mais harmonia e satisfação, não pensará duas vezes e começará a praticar imediatamente.

Logo sentirá um novo tipo de prazer. Um prazer diferente daquele obtido através da opressão, seja de você mesmo ou dos outros. Na verdade o Sadismo e o masoquismo são inseparáveis. Quando machuca alguém, machuca a si mesmo.
Este "novo" prazer começará a fazer girar uma nova roda de prazeres contínuos e abundantes. Ao percebê-lo e perceber as diferenças desse com o anterior, baseado na luta, sentirá um êxtase e uma surpresa incrível e gostosa.

De tanto ouvir "nãos" a vida toda, devemos treinar nos acostumar com o "sim". Poderá perceber que quando as pessoas e a vida em geral começam a lhe dizer "sim!", causa um estranhamento misturado com alegria e surpresa. Acostume-se a isso, pois assim que a vida é! Ela sempre nos diz sim. Este universo é de inclusão. Sim é um termo que inclui, que permite.
Mas depois de uma vida inteira de nãos, pode levar algum tempo. Cuidado com a autossabotagem.

A linguagem da inclusão, do sim, é uma linguagem que inclui a todos. 
Sua prática diária facilita o aprendizado de encaixar e conciliar necessidades aparentemente conflitantes.
Lembre-se de que o nosso maior prazer é sem dúvida proporcionar prazer aos outros. Essa minha afirmação está baseada não só nas minhas experiências, mas também em inúmeras enquetes ao redor do mundo. Perguntou-se a um grande número de pessoas o que lhe era mais prazeroso, e a resposta foi unânime: Proporcionar prazer e atender às necessidades de quem gostamos e até mesmo de desconhecidos.

É preciso observar também, com muito cuidado, quanto a objetividade das respostas que der a si mesmo e aos outros, assim como as deles quanto as necessidades. 
Respostas como: "quero que me ame", "cuida de mim", " me liga quando puder", "adivinha o que eu quero?", "você já deveria saber", "tu não me conhece?" são genéricas e só facilitam o agravamento da situação.
Prefira e insista sempre em deixar claro para você e seus interlocutores e parceiros quais são as necessidades, desejos e vontades.

O ato de prestar atenção de forma objetiva nas suas necessidades e nas dos outros "turbina" o desenvolvimento da consciência. Clareia a percepção e acaba de vez com os conflitos.
É claro que se iniciar este caminho agora, muitas pessoas do seu círculo, neste início, poderão ainda não lhe acompanhar. É preciso paciência. 
Toda a vez que for atacado, acusado, pergunte ao seu interlocutor: qual é a sua necessidade? Pergunte de maneira sincera o que deseja. Assim você convoca essas pessoas a entrarem nesta nova energia, neste novo círculo aonde o verdadeiro prazer acontece e permanece.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

INICIAÇÃO.



Muito se fala sobre iniciação. Muitos mistérios rondam os rituais de passagem e início em um determinado caminho. Não é por acaso que as ideias místicas e secretas atraiam tanta curiosidade e fascínio. As pessoas imaginam infinitas coisas. Cria-se toda uma aura de magnetismo que nada mais faz que desviar sua atenção do que realmente importa.

Ninguém pode iniciar ninguém. Isso não existe. Não pode ser feito de fato, apenas de forma teatral. Mais uma vez as pessoas são levadas pela tradição, enganadas em sua boa fé.
É lógico que cada um faz o que quer e ninguém tem nada com isso. O meu papel aqui não é criticar pura e simplesmente as instituições que promovem iniciações, sejam elas quais forem, e sim alertar você que a única pessoa neste planeta que pode lhe iniciar é você mesmo.

O que os mestres, gurus, sacerdotes, padres podem fazer é lhe sugerir, apontar, conversar, incentivar, dar apoio, mas nunca iniciá-lo.
Aquilo que realmente importa. O verdadeiro conhecimento secreto. O descobrimento, a viagem e a experiência são exclusividades sua e só podem ser acessados de forma individual, solitária, no silêncio, na meditação, na observação, na percepção dinâmica.
Ainda que sua presença em grupos não interfira nisso, a não ser que foque tão somente nas atividades em grupos e se esqueça do recolhimento a sós, tão importante, como já falei.

É claro que as atividades sociais, sejam elas quais forem tem o seu papel também. São importantes para que recolha dados sobre si mesmo durante essas interações.
É importante observar quais são as suas posturas diante dos inúmeros estímulos que nos são ofertados no dia a dia. 
Eles nos ajudam a compreender o que se passa em nós e o que está oculto.
Nosso universo interior é extremamente vasto e rico em detalhes que só podem ser percebidos - no nível de consciência que estamos - com uma ajudinha do mundo externo. Que felizmente nos brinda todos os dias com infinitos estímulos e avisos daquilo que é relevante ser percebido.

E nada de ficar preocupado com o que vê. Tudo que existe em você é bom. Algumas coisas estão em estado de semente, não germinaram ainda. Outras estão obscurecidas pela ausência de luz. Luz essa que vem de tudo que me referi acima. Do trabalho cotidiano da observação pura e simples. 

Entenda, não é preciso fazer nada! Não precisa saltar da janela do 20º andar, não precisa arrancar os cabelos, e muito menos brigar consigo mesmo. E essa coisa de brigar consigo mesmo acontece em níveis diferentes mas que representam a mesma coisa: Quando briga com os outros, na verdade está brigando consigo mesmo, pois vê na pessoa uma característica sua que direta ou indiretamente está ligada ao que ela ou outra pessoa coligada ou um grupo de pessoas diz e faz e que te incomoda, irrita, desconcerta, confunde.

Simples assim. E por ser tão simples talvez incomode muito mais as mentes viciadas em culpar quem quer que seja pelos infortúnios que vive.
O fato de perceber e compreender esse mecanismo deveria ser encarado como uma graça, uma benção e ser motivo de muita alegria e gratidão.
Mas em geral, as pessoas torcem a cara, refutam, evitam e fogem como verdadeiros atletas de corrida. Atingem marcas dignas de olimpíadas quando se trata de fugir de si mesmas.

Fugir parece sempre ser mais fácil. Mas não é. Puro engano. Ninguém foge de si mesmo, ninguém engana a si mesmo o tempo todo. Mesmo que em determinados momentos o mais indicado seja mesmo abandonar o barco, esse processo de abandono tem que necessariamente passar por uma avaliação interna para se compreender a questão do desapego, da paciência e do aguardar o momento mais adequado para se resolver as questões relativas.

Determinadas criações nossas, vem de muito tempo. Tem coisas em nossa vida que parecem relativamente recentes, mas que já foram criadas há séculos. São questões que podem ou não demandar algum tempo para serem resolvidas e equacionadas. Nada de errado, nada de mal. Tudo está bem. É importante sentir pra saber o que deve ou não ser feito e saber que muitas vezes, esperar - que nada tem a ver com se omitir - é o mais indicado.

Ao assumir-se, já dá o primeiro e importantíssimo passo no que classifico como a verdadeira iniciação. E já pode inclusive se considerar um iniciado quando olha a sua vida e tem a capacidade de agradecer com sinceridade tudo aquilo que é, que tem e que faz.
Com certeza, assim você abre todos os espaços pra maravilhosas experiências que já estão disponíveis desde sempre.

Pense nisso.

sábado, 8 de setembro de 2012

DEUS É A PRÓPRIA SUBSTÂNCIA



Existe uma substância que permeia todas as coisas. Ela é a base de tudo. Na física quântica a chamam de campo. Um infinito "colchão" de partículas e sub partículas em estado puro, sem a modulação do toque, do estímulo. Esse campo é moldável, modulável, segue uma ativação e reflete um estímulo.

Ele, o campo, toma infinitas formas, servindo de molde e suporte a manifestação, seja ela em que grau for, este campo permanece único, como se fosse uma enorme cama fluídica e elástica. Se alguém salta em uma das pontas, a outra ponta sente, em maior ou menor grau tudo é sentido. A cama é uma só.

Quando se dá a criação não há aquela ideia de criador e criatura separados. O criador faz a criatura de si mesmo. Ele se desdobra em um só. A criatura é o criador e o criador é a criatura. Quando se expressa, a criatura parece separada, ela parece um ser individual, uma coisa que se expressa em separado, mas não é.

Como diz Osho, no oriente essa ideia é a de que criador e criatura são como o dançarino e a dança. Uma coisa não existe sem a outra. E cada um de nós somos os variados movimentos desta linda dança. O dançarino sem a dança não existe e a dança sem o dançarino não pode se expressar.
No ocidente, a ideia é outra. Deus é o pintor e nós somos a pintura. Se o pintor morre a pintura permanece. Apesar de haver uma ligação entre os dois, está bem clara a noção equivocada de separação.

De alguma forma e em algum momento nossa percepção foi sabotada e distorcida deste sentimento de conexão. Sim sim, esta conexão jamais vai poder ser compreendida e muito menos levada a cabo sem passar antes por uma compreensão a nível de sensação ou seja: através da experiência. 
O ideal é que não fosse uma experiência intelectual, que neste caso, limitaria a amplitude do evento. Entretanto, de onde estamos é dele mesmo que deverá partir, uma vez que o temos tido como preponderante ou pelo menos fomos incentivados a isso, por um longo período de tempo.

Deus, a substância, o campo, a conexão, são idéias que só podem ser completamente compreendidas através da sensação. Mas não neste nível reprimido do qual estamos. Vivemos limitados em termos de sentido não por sermos assim, e sim pela simples ausência de um uso mais desprendido e contundente do ato de sentir.

O sentir a nível de captar a ideia proposta neste post deve estar absolutamente desprovido de culpa, de vergonha e de intelectualidades, mesmo aquelas que aparentemente sejam coerentes. Não há coerência alguma na percepção desta conexão. Mas há uma certeza muito prazerosa em contatá-la.
Como disse, a nível de impulso e de retomar esta sensação, precisaremos examiná-la ainda que superficialmente a nível do intelecto, pois o pouco da coerência encontrada por ele servirá para redirecionar nossa atenção a esta realidade fundamental em nossa evolução e no encontro de tudo aquilo que buscamos.

Qualquer pensamento, sentimento e ato em sua vida está ligado a divindade como o dançarino está ligado a dança e a dança ao dançarino. Pare um pouco e analise esta situação, transportando seus atos ao ato de dançar. Imagine-se nesta situação e tente ficar um pouco aí. Então, o que achou? Falo de sensação, de sentimentos, tá!
Movimento, ritmo, cadência, amplitude da expressão, direcionamento e expansão. Fatores que estão presentes na dança e claro, em nossas vidas também.

A divindade só se expressa quando você dança. Pode começar do jeito que for e ela estará ali legitimamente representada. Não interessa a técnica, a forma, a razão e nem nada mais que o ato de dançar pelo que vem de dentro. 
Julgamentos não cabem em um momento tão sublime e esta sublimidade está em tudo que faz. Pequenas, médias e grandes coisas. Tudo é válido na expressão, afinal trata-se da manifestação de Deus. É Deus dançando, captou?! Difícil assimilar? ora, nada vai mudar do mesmo jeito, continuará sempre uma expressão, talvez mais pobre, mas não menor.

Inúmeros eventos ocorrem simultaneamente. Realidades inteiramente distintas convivem lado a lado. Cada vida um universo e cada universo um fragmento, uma lembrança viva do todo. 
O sagrado direito de se expressar reforça as lembranças. Quanto mais dança mais divindade. Não importa se a dança está "correta" sob qualquer ponto de vista. Não tem que fazer certo para que a divindade se expresse. Na verdade quanto mais pensa se está mesmo representando Deus em suas atitudes menos estará. Tem certos questionamentos que são absolutamente desnecessários.

Cada elemento do planeta tem em sua composição partículas desse campo. Portanto somos um com tudo, mas absolutamente tudo, sem exceções. Tente perceber isso ao olhar, ouvir, degustar, cheirar, tocar e intuir.
No início pode ser muito chocante. Admitir que é um com seus inimigos?! Com aquele mendigo jogado no chão à porta da sua casa?!  Com aquele cachorro manco da esquina?!
Isso deveria ser motivo de intensa alegria. Mas assim como tudo que existe nesta vida, mesmo uma alegria tão intensa só vai chegar e permanecer com a sua permissão.

domingo, 2 de setembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DE SENTIR COM E SEM MEDO.


Viemos aqui para experienciar. Nada a ver com sofrimento e provas de mérito. A experiência pode ser eminentemente deliciosa. Não há méritos no sofrimento! Mas devemos experimentar.
Sendo assim, é preciso compreender que todas as etapas, mesmo aquelas que mais parecem com perda de tempo, serviram muito bem ao seu propósito. 
Diante das nossas necessidades evolutivas, nós mesmos, através dos pensamentos, sentimentos e ações, juntamente com a ligação e interação com as pessoas próximas de nós, sendo elas parentes ou não, criamos um caminho sob medida. 
A melhor notícia é que assim como criamos este, e por pior que seja, ele nos mostra o imenso poder criacional que temos, mesmo que um tanto inconsciente ainda. Dessa forma, podemos mudá-lo quantas vezes quisermos. E apesar de ser esta uma afirmação um tanto relativa, denota uma robusta verdade disponível.
O fato de termos potencial, por si só não faz o trabalho. O ato de se mover pertence a nós, e ninguém no universo ousará nos tirar esta prerrogativa. 
Nossos sentimentos são esboços do que somos. São fragmentos, assim como o ego, de nosso SER interno e de tudo que faz parte indissociável de nós. 
Portanto, não há nada que precise consertar, se livrar, escarrar, reformar. O que há é o que precisa ser vivido, sentido, percebido em níveis cada vez mais profundos e sutis.
O medo, assim como os demais sentimentos, precisa ser experimentado. A ausência dele também. Mas essa ausência somente virá como consequência do desprendimento e da entrega que tiver ao vivencia-lo. Observe as crianças. Em um minuto uma criança é capaz de ir a mais profunda tristeza e emergir a mais esfuziante alegria. Ela não se prende, vai e vem tranquilamente. Chora, faz xixi e coco nas calças, se suja, mexe em tudo, grita num velório e dorme tranquilamente no meio de uma festa barulhenta. Ou seja, ela vive!
Não fica pensando, não fica preocupada com as horas, não se importa quanto a hora do almoço, a não ser que esteja com fome.
Sim, eu sei, você irá dizer: Não somos mais crianças. Em termos não e em termos ainda sim, porque nossa criança interior está e sempre estará conosco. Precisamos então encontrar uma forma de mantê-la viva. E essa forma não tem receitas. Cada um irá ajustar-se, contanto que não sufoque sua expressão que faz parte de nós, assim como todos os sentimentos.
Não precisa cagar nas calças, mas se tiver vontade de chorar, rir, soltar pum, ficar quieto, falar, enfim, o que quer que seja, faça!
Cada vez que guarda uma expressão se poupa de uma experiência muito valiosa que pode ser um divisor de águas em sua vida e desta forma não deve se desprezada.
As consequências serão proporcionais às expectativas. Se às expectativas são as melhores possíveis, assim será a experiência, mesmo que num primeiro momento ela nos demonstre claramente o contrário. O cuidado com as precipitações deveria estar todo aí e não em possíveis consequências desastrosas. O desastre que pode haver está sempre ligado ao fato de ter abrido mão de uma experiência que poderia ter te alavancado a níveis surpreendentes.
Preste atenção no que digo, porque isso é muito muito muito profundo.
O tudo, o nada e o meio termo são coisas para serem saboreadas. No meio termo talvez esteja o que o racional chamou de equilibrado, ponderado e portanto mais cheio de certezas. Só que certezas em uma vida de infinitas possibilidades é uma grande bobagem. Esqueça! Não há certezas na vida e é bom que seja assim.
Se as possibilidades são infinitas sempre haverá algo novo pra se saborear ainda que seja no mesmo lugar que está e com as mesmas pessoas.
O seu tédio talvez possa estar vindo daí. Pelo medo de sentir o medo, você se abstém de experiências valiosas, por mais estúpidas e sem sentido que elas possam parecer.
Não é para ficar procurando sentido em tudo. Basta viver e o sentido vem naturalmente. Basta viver e a grana, a saúde, o amor e as relações das mais gostosas também vem.
Agora, se evita, se foge, se reprime e se finge que não vê, me desculpe, mas está com problemas!
O que evitamos, talvez seja o que nos tiraria de muitos problemas. Na medida em que aguça sua percepção começará a perceber o que estou dizendo.
O meio termo parece razoável? Sim. talvez seja mesmo. Mas não se prenda totalmente a ele. Tem certas horas que os extremos precisam se expressar! Mas também não se prenda nos extremos. Esteja solto, atento e vibrante, e o que vier está bom. 
Toda essa vida que proponho-lhe viver imediatamente e sem desvios lhe trará uma das coisas que talvez mais deseje em sua vida e ainda nem se deu conta: O SABER.
Você já SABE! Mas não lembra. Você já é, mas não lembra. Você é o criador de sua própria experiência, mas não lembra. Não há nada demais neste fato. O fato de não lembrar não lhe tira absolutamente nada. Não é de propósito com o intuito de lhe dificultar o que quer que seja. Apenas é um campo propício as mais grandiosas e deliciosas experiências. O fato de provisoriamente "sair" deste "SABER" está na delícia que é você retornar a ele; retomá-lo. O mais gostoso de quando estamos com frio, fome, sede não é o fato de poder se aquecer, comer e beber?! Por isso essas experiências são repetidas inúmeras vezes. O prazer que elas dão é inefável.
E a medida que SABE, pode abrir mão de crenças, de achismos, de suposições. E é aí que experimenta a ausência do medo ou de qualquer incomodo, pois você SABE!
Veja, não é preciso que lhe digam, não é preciso a dúvida, a desconfiança, mais uma vez repito: você SABE!
Essa mecânica das crenças foi criada para que fosse possível uma experiência relevante quando há a relativa e provisória ausência do SABER.
As crenças são poderosas, elas criam a nossa realidade e impedem que tenhamos desejos realizados e consequentemente mais experiências diversificadas. Crenças que vão contra nossos desejos são um claro desencontro entre o que somos com aquilo que pensamos que somos. Elas são protótipos, esboços, sementes do SABER.
Elas também são o resultado de uma série de evitações de experiências devido ao medo de sentir o que aparentemente nos incomoda. Se é assim, sinta todos os medos que puder, mas vá também abrindo espaço para os demais sentimentos, como a alegria, o contentamento, o amor e tudo mais.
Aprenda a estar profundamente triste e no momento seguinte vibrante e alegre. Não se incomode se parecerá incoerente ou maluco. É dessa afirmação que me baseio quando falo que a verdadeira iluminação nasce da loucura.
Iluminação é o reconhecimento de si mesmo. Você não irá virar um anjo alado e com uma aura brilhante - apesar que ela irá mesmo ficar assim -, apenas irá clarear sua visão de si mesmo e consequentemente do mundo e de todos que habitam nele. 
E este SABER a que me refiro, não tem nada a ver com os livros, os cursos, as universidades daqui. Este SABER vem de dentro. O que aprende por aqui são meros estímulos as lembranças de tudo aquilo que já está em ti. Às vezes estudar muito, se encher de informações só forma no final um monte de entulhos que atrapalham e que cedo ou tarde precisarão ser removidos.
O verdadeiro SABER somente advém da experiência. E como cada um terá as suas, nem dará para medir quem sabe mais. Esta tarefa é simplesmente impossível. Não pelo fato de não ser possível ser feita e sim pelo não cabimento neste contexto específico.
E não é a experiência que ensina. Esta é também um mero estímulo. É como a água, o sol, o adubo e os cuidados que tem com uma planta para que ela cresça saudável.
Tudo que a planta precisa pra se tornar o que ela já é, está nela. Mas sem o estímulo ela não passa de uma mera semente. A semente é rica, ela tem vários atributos, tem alma. Mas é só potencialidade para este campo específico que aqui relato.
Se parar para fazer um retrospecto com calma, irá ver um monte de exemplos em sua vida de coisas que nada sabia, mas que foi lá e fez. A partir do momento que foi desafiado pelas circunstâncias, parece que do nada o tal "SABER" sobre aquele assunto surgiu.
Quando somos crianças, estas experiências são mais comuns. Estamos "descobrindo" o mundo e não temos ainda um grau de medo que nos impeça a ponto de fazer desaparecer tais desafios. A criança aceita. Vai lá e tenta, experimenta. Algumas vezes pode acontecer o que chamam de "dar errado", mas para o pequeno, nada deu errado, porque ele não tinha expectativa que desse "certo", ele só queria saborear a delícia que é mexer, e consequentemente experimentar.
Os adultos é que repetem feito papagaios: Poxa menino, viu só o que você fez?! quebrou! perdeu! estragou! se machucou! Para a criança é até muito difícil entender do que se trata essas afirmações. Daí muitas delas repetirem os mesmo feitos.
A criança está programada para estar de coração aberto ao que der e vier. E nós adultos, precisamos retomar esta preciosidade em nossas vidas.
Se ela machucou-se e sentiu dor por isso, para ela, é só mais uma experiência. Nada tem a ver com desastre. Ela nunca negativa a experiência e aí está a grande sacada!
Acidentes maiores estão com certeza ligados aos pensamentos dos pais e parentes que acabam induzindo o pequeno a um caminho que certamente ele não escolheria. 
Quando somos pequenos estamos muito entrelaçados a nível energético com nossos pais. Este entrelaçamento permanece mas vai diminuindo quanto à sua irradiação, por assim dizer, a medida que crescemos e assumimos nossa independência.
Este entrelaçamento não existe só para prejudicar a criança. Ele serve para que os pais se vejam nela. A via é de mão dupla. A positividade daquele estado natural da criança contamina os pais também.
A natureza teve o cuidado de nos abastecer num ciclo bastante interessante, trazendo-nos os filhos, os netos e as demais crianças a nossa volta para nos ajudar a lembrar um pouco mais sobre nossas origens.
Infelizmente a maioria, apesar de apreciar as crianças, se restringem apenas a desprograma-las e a inserir um monte de bobagens em seus corações.
As crianças estão aqui mais para ensinar do que aprender. Apesar de que como disse, nenhum de nós precisa aprender nada, apenas relembrar. Falo nesse sentido quando digo que as crianças estão aqui para ensinar. Ensinar significar fazer lembrar. Nada mais.
Os animais também. Eles estão sempre sintonizados com quem são, com a fonte, com o fluxo. Podemos usá-los como referência nessa caminhada.
Sendo assim, este experimentar com e sem medo, esse aprender e a evolução propriamente dita tem a ver tão somente com o desenvolvimento da percepção. Ao perceber você vive. E vivendo experimenta tudo que veio experimentar num ciclo infinito. Todos os desejos nascem e fluem como numa cachoeira e são realizados para que provoquem as sensações infinitas e as tais experiências. E estas, não tem começo-meio-fim, elas seguem pela eternidade.