segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SER NATURAL...


Na minha jornada tenho reparado um detalhe importante - além do medo e da dúvida - que impede ou pelo menos atrapalha bastante esse dom criativo de todos nós, de poder SER, TER e FAZER o que desejamos.

Qual seja: As pessoas bem sucedidas que conheço, leia-se o tripé: Dinheiro-Saúde-Bons relacionamentos, fazem muito do que é colocado em livros, palestras, cursos e sites sobre a lei da atração de forma bem natural. Se questiona-las, elas até se surpreenderão, visto que é um comportamento, como disse, bem natural.

O que eu quero dizer? Elas simplesmente SÃO e assim, fazem! Veja, não ficam decorando nada, nem querendo mudar coisa alguma e nem tampouco forçando qualquer característica. Elas são o que são! Incluindo aí os defeitos, que diga-se de passagem, muitas vezes fazem os meus parecerem coisas bobas dentro dessa lógica de mundo atual...

Minha percepção aponta não para um modelo, uma forma ou receita de bolo. E sim para a descoberta do jeito de SER NATURAL DE CADA UM!
Ainda que haja algum medo ou dúvida, pois afinal, quem é 100% seguro?

O que vemos em livros e na internet sobre lei da atração tem fundamento e bom senso. Pode ajudar e muito. Mas não fará nada acontecer na sua vida por si só, mesmo que você trabalhe arduamente!
O problema não está no conteúdo do que é propalado por aí e sim em sua APLICABILIDADE.

Com isso quero enfatizar a importância fundamental de fazer as coisas do seu jeito, com a sua cara, com seu toque particular, pois do contrário inúmeros serão os fracassos.
É o caso, por exemplo, de pais que desejam que seus filhos sejam médicos ou advogados ou engenheiros. Vai que a pessoa tem vocação e gosta muito de música, como ficaria essa situação? Com certeza ela não seria bem sucedida nas áreas que relacionei acima. E além de não estar fazendo o que gosta, não estaria sendo ela mesma, e assim nada mais seria que um personagem, uma ficção. Como pode alguém realizar-se assim? O máximo que conseguirá será uma vida do tipo "quebra-galho"...

Mal comparando, o mesmo ocorre quando começamos a estudar e tentar aplicar a lei da atração em nossas vidas. Fazemos como marionetes, apenas repetindo jargões, técnicas que nada tem a ver com o nosso jeito de ser.
E ao invés de ser uma jornada alegre e prazerosa, torna-se um martírio. Não só por concentrar-se na falta, mas também pelo fato de começar a vislumbrar que o universo é próspero, abundante, farto, infinito e que tudo isso ainda não faz parte da sua vida. A agonia chega para reforçar a falta, enquanto não conseguir relaxar e fazer tudo que deve ser feito exclusivamente à sua maneira!

Veja, você não precisa ser nada para ter direito, você já é! Tem o direito de sê-lo agora! Sem nenhum malabarismo exótico. Sem longas sessões de meditação. Sem chibatadas da vida ou de quem quer que seja!
É lógico que pode aperfeiçoar, melhorar, afinar sempre. Mas de cara é seu direito neste exato momento de gozar uma vida plena e cheia de tudo que desejar sem mais delongas.

Essa naturalidade, esse "tom" mágico de ser quem já somos, sem culpas, sem comparações é o que chamamos de permissão. É quando você permite que tudo de bom aconteça porque você aceita de bom grado. Não faz esforço para aceitar, é natural! Vem como a brisa, chega como o amanhecer, surge como a flor que desabrocha, simplesmente nasce!

Quando acontece, você percebe como funciona, quando dizemos que os três pilares básicos da criação : desejar, pedir e permitir se fundem e tudo vem até você como se fosse mágica!
Esse "tom" natural a que me refiro tem tudo a ver com a potencialização do sentimento que irradia e atrai. O sentimento e a consequente emoção são os elementos energéticos que mobilizaram as forças do universo para fazer acontecer.

Muitas vezes vemos um certo "tom" natural acontecendo, a pessoa irradia uma energia intensa e até certo ponto boa para a atração daquilo que deseja. Contudo, ainda insiste em vestir um personagem e não se permite ser ela mesma de forma integral. Sendo assim, a realização, a manifestação física dos seus desejos, que andam literalmente ao lado dela para cima e para baixo, nunca acontece.

Afora o que um desgaste intenso e sem resultados pode fazer de estragos, uma vez que perde-se a fé e cansa-se de tudo e de todos.
Precisamos apenas relaxar e aceitar quem somos sem nenhum porém! Sejamos o mais natural possível e prestemos toda a nossa atenção no que ocorre dentro de nós.

Devemos ler e aprender, claro. Mas nunca repetir feito ventríloquos. Todo o conhecimento adquirido deve vestir a nossa roupa e ter definitivamente a nossa cara. E para isso, não há receitas! Só mesmo EXPERIMENTANDO!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O CONTRASTE É ÚTIL.


Quero enfatizar a importância das diferenças de uma maneira geral, na contribuição do aumento da capacidade de compreensão humana, e paralelamente mostrar como a análise por comparação retém ou diminui nossas infinitas possibilidades.

Vivemos em um mundo de dualidade. Dia-noite, frio-calor, alto-baixo, longe-perto e por aí vai. E dentro dessa dualidade existem nuances, níveis e gradações. Sabemos que desde cedo somos ensinados basicamente pelas comparações. Somos quase que "adestrados" em um sistema aonde tudo se compara.

Ter ou não ter. Se estou indo não posso estar voltando. Uma coisa nunca é boa por si só. Depende do momento, da oportunidade, da conveniência de cada um que pode variar muito. Em outras palavras, são comparações.

Só sei que há o dia por saber da noite. Só consigo um certo nível de compreensão do frio porque reconheço o calor. Vejo a vida que os outros levam e comparando com a minha, avalio se é boa ou não, se é isso mesmo que desejo, se estou confortável assim.

Não posso afirmar que há erros. O universo e toda essa arquitetura não erra! O "certo" e o "errado" são meras comparações baseadas em pontos de vista e portanto sujeitos a todo o tipo de distorção.

Quando você deseja aprender algo o que lhe vem a cabeça em primeiro lugar? Procurar em livros? Perguntar a alguém? Pesquisar na internet? Observe qual é o seu movimento. Perceba que quando deseja saber algo age por comparação, na medida em que acredita que comparando, você chega mais depressa ao seu objetivo, ou por ser mais cômodo e também por força do hábito, portanto no "modo automático". 

Você lembra dos seus pais pesquisando algum assunto? Você lembra dos seus professores e amigos? Se deseja saber sobre as fases da lua, por exemplo, senta-se diariamente e a observa, faz anotações e pensa sobre? Ou busca em livros as respostas que deseja?
Mas se o que deseja não estiver em livros? E mais: Se o que deseja é amplamente colocado como impossível?
Não quero dizer que procurar em livros é ruim, não estou rotulando nada, é só um exercício.

Cientistas brilhantes como Thomas Alva Edison, concluíram diversos inventos, após milhares de tentativas baseadas em comparações. Comparavam-se uma tentativa com outra, assim como com o que já existia na época, mesmo que os artefatos existentes nada tivessem a ver com o que se tentava desenvolver. Olhava-se apenas o princípio em que estavam baseados, assim como os resultados obtidos, sua durabilidade e viabilidade econômica.

Disso se supõe que a criatividade humana pode estar um tanto quanto limitada ao universo das comparações, pois quem se dispõe a criar, o faz, de um jeito ou de outro, pelo que outros homens já fizeram. 
E se todo esse contraste, toda essa diversidade que aí está, limita nosso poder de trazer a realidade física inventos realmente inovadores, devido a comparação com o que há de "velho", como chegaremos ao novo? 

Essa diversidade quando usada unicamente para despertar novos desejos, assim como nos inventos, pode estar também nos privando de algo muito maior e inovador? 
Não. Ela cumpre aliás, várias funções! Serve para despertar e regular os desejos, serve de apoio a criatividade, inclusive no aperfeiçoamento do que já existe e também na criação de coisas absolutamente inovadoras. 

Inventos inovadores como o CD de música, foram criados por comparação, ao disco de vinil. Até que ponto ele pode ser considerado inovador? Se o princípio do vinil é o atrito de um cristal num sulco, aonde a vibração resultante gera um impulso elétrico e este é transmitido a um amplificador de sinais e convertido em som. E o CD, que nada mais é que um espelho que reflete a luz do laser que incide sobre ele e dependendo da onde essa luz incide, seu reflexo, ou seja o retorno da luz se modifica em função de onde ela reflete e essa variação é transformada em impulso elétrico e enviada da mesma forma a um amplificador de sinais e convertida em som.

Veja, o princípio de armazenar músicas em um disco, em sequência, lado a lado foi mantido, apesar das diferenças de capacidade de armazenamento, e a flexibilidade ao tocá-las.
Ao compararmos com o SD CARD que armazena (dependendo da capacidade) 5000, 10000 músicas em um pequeno quadrado de plástico de 1,5x1 cm vemos que há uma estúpida evolução. Contudo  ainda baseada no princípio da comparação (armazenagem em forma de listas e tráfego de "bits" - unidade básica de informação na eletrônica digital - igual ao CD).

O que quero dizer com isso? O contraste é útil. Ele trouxe a humanidade até aqui apesar dos inúmeros percalços, como quando nos referimos aos contrastes de hábitos, etnias e opção sexual.

Inovar é uma possibilidade, necessidade e é um caminho inevitável a raça humana, uma vez que da inovação dependerá o seguimento da vida neste planeta, questão de sobrevivência. 
Entretanto, se tudo comparamos, como podemos inovar, baseados apenas no velho? (por mais "novo" que esse velho seja...). Haverá um limite para isso? 

Chega uma hora em que determinados modelos estão esgotados e não servem mais nem para comparação. Assim também é na vida. Se tenta inovar baseando-se no velho, dificilmente encontrará algo novo, uma vez que o novo de fato nasce do vazio, do nada.
Mas como ter idéias novas se estou habituado a olhar em volta e comparar? Existem até jargões que afirmam que aqui nada se cria, tudo se copia. Às vezes a cópia está maquiada, parece ser nova, mas é apenas um desdobramento de algo que já existia.

Algumas tradições consideram o período sabático como um estímulo ao "esvaziamento" e a abertura de "espaço" para o novo. 
A pessoa "larga" tudo e viaja. Sai do ambiente da mesmice e se atira na surpresa, no vácuo da incerteza. Se interna em algum lugar ou some do mapa. Seis meses, um ano e em alguns casos até mais.É uma tentativa, nem sempre bem sucedida, pois depende da sua pré-disposição em largar o "velho"...

Alguns consideram certas melhoras uma inovação. Alguns tratamentos do câncer são tidos como inovação, mas a doença em si ainda permanece e novos tipos aparecem. Será que quando a inovação aparecer de fato, ainda sim existirá algum tipo de câncer pra contar histórias?

Inovação não pode ser cópia e nem melhora do que já existe. Inovação vem do novo, do desconhecido, do nunca visto antes, não deveria guardar resquício ou semelhança com nada que existe.
Se é assim, como criar a partir do nada? Como desejar algo que desconhece? Que nunca viu ninguém usando? 

Reflita como funciona esse mecanismo do desejo: Se você tivesse nascido e crescido em uma pequena cela sem vista para lugar algum, quais seriam seus desejos numa situação como essa? Talvez o unico seria o de sair de lá, caso tivesse ouvido alguma coisa sobre o lado de fora. Isso pelo método mais corriqueiro, pois poderia haver algum tipo de inquietação interna, alguma força que o impelisse pra fora, mesmo sem você ter a noção do que esperar dessa fuga.

Se estivéssemos mais atentos a essa força interna, talvez conseguíssemos criar alguma coisa realmente nova. 
Todavia, simplesmente dizer isso é como se estivesse me eximindo de minha proposta inicial, que é lhe fornecer alguma dica prática. Muitos conhecimentos só são adquiridos pela observação e a prática. Sendo assim, tentaremos usar um artifício para lhe transmitir alguma coisa mais objetiva.

Tente imaginar, por exemplo, um novo meio de transporte. Lembre-se, precisa ser inteiramente novo, portanto não pode haver nenhuma similaridade com que existe, a não ser o fato dele te levar de um lugar para outro. Não pode ser sobre rodas, nem voar e nem tampouco usar os meios fluviais. Como seria? Enquanto pensa, veja como sua mente trabalha. Ela vai em busca do que conhece, do que já foi visto, ela busca lembranças... O mais importante de tudo é que você perceba como sua mente trabalha quando é instigada a criar algo novo. Não critique, apenas OBSERVE!

Continue tentando criar esse novo meio de transporte. Pense de forma relaxada. Faça esboços, desenhos, escreva ou se não quiser nada disso, apenas imagine. Veja que pode haver momentos em que parece que imaginou algo novo, mas ao prestar a atenção verá que guarda algum tipo de similaridade com o que já existe. Não se preocupe, isso não é um campeonato de invenções. Esse jogo serve apenas para lhe mostrar que a mente entra num processo repetitivo de repetir as coisas (perdoe a redundância) e isso vale para tudo na sua vida, só que você já está tão acostumado assim, que nem repara a mesmice que é a nossa limitada capacidade de introduzir algo realmente novo.

Alguns poucos seres que habitam esse planeta passam a vida toda tentando criar algo novo, não só com objetivos profissionais, mas principalmente pelo imenso prazer e alegria que alguns segundos de ausência de lembranças (mente), bem como o contato com o inteiramente novo proporcionam.
Mas se é assim, como seria a vida se tudo fosse inteiramente novo o tempo todo? Você consegue imaginar uma vida em que cada dia lhe trouxesse descobertas, eventos, contatos inteiramente novos?
Acharia chato? Temeria as surpresas? Ficaria inquieto por estar certo que algo novo que você desconhece apareceria de repente na sua frente? Vamos, tente imaginar uma vida assim.

Como você acha que os desejos nasceriam a partir desse pressuposto? Se meus desejos são muito em função do que vejo por aí, como ter desejos baseados no nada, no deserto, no vazio?...
Se todos nós tivéssemos nascido gêmeos univitelinos? Todos igualzinhos. Como seria essa coisa da beleza? Quem seria feio ou bonito? Talvez pela roupa? Mas e o rosto, cabelo, sorriso? Muitos desses detalhes determinam a beleza ou não, mesmo dentro das mais belas roupas.

Pessoas ditas feias por quase todos sempre encontram alguém que as acha, talvez não lindas, mas bonitas o suficiente para andarem ao lado delas e viver uma vida inteira. Por que elas decidem assim? É pela noção que tem de si mesmas. Se não se acham tão bonitas assim, contenta-se com alguém mais feio. Mas se acham o contrário - mesmo não sendo - elas irão atrás de uma pessoa mais bonita. Isso é comparação!

No meio de tantas diferenças, ainda tem muitos que vêem diferente a mesma coisa, o que multiplica as diferenças em escala geométrica. 
E se de fato pudéssemos trazer o novo as nossas vidas a todo o instante? Aonde isso iria chegar? Se é que iria...
Não proponho um descarte compulsivo de tudo que existe em nome de uma renovação desenfreada. Não sei qual seria a medida adequada. Talvez o excesso do "novo" pudesse sufocar, pela ausência da apreciação e da vivência contemplativa. Não teríamos, quem sabe, uma interação adequada com o "velho", uma vez que a renovação fosse constante.

Será que dizendo isso atesto o meu apego ao velho, ao conhecido e as lembranças?
Por que isso me incomoda? 
E por que é tão confortável a maioria?
Por que esse medo desenfreado do desconhecido?
O novo e o velho são tão bons quando cada um está no seu lugar. De outra forma para que serviria todo esse contraste da vida?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MUDAR É SEMPRE BOM.



Há sempre um momento na vida em que é preciso virar o jogo e buscar a transformação. Mas para que isso aconteça, algumas coisas precisam ser repensadas. Descubra como seguir uma nova direção.

Ninguém parece levar muito a sério a lista de resoluções de começo de ano. A gente faz por fazer, porque é uma tradição e porque é gostoso sonhar que no ano que vem vamos viver uma grande paixão, fazer aquela viagem, colocar nossa vida financeira em ordem, arrumar tempo para participar de ações voluntárias, perder aqueles quilinhos a mais... 

No fundo, todas as nossas listas são bem parecidas: queremos sorte no amor, felicidade em família, um bom trabalho e, como resume bem a canção, "muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender". Mas o que fazemos para que isso aconteça de verdade e para que o ano novo signifique realmente vida nova? Se formos bem sinceros, nada. Por que será, então, que temos tanta resistência em fazer mudanças? O que, afinal, nos segura em direção a uma vida melhor? Das respostas a essas perguntas é que poderá surgir, sim, um ano mais dourado e feliz. Pode apostar que funciona mais do que a lista.

Compreenda o que há na preguiça.

Como dizia o inventor Thomas Edison, jogamos fora as boas oportunidades porque elas geralmente vêm vestidas com macacão de operário. Fazer mudanças dá mesmo trabalho. Precisamos olhar bem de frente para nossas dificuldades, assumi-las de vez, planejar nossas ações para ultrapassá-las, tomar atitudes, se autocomprometer, sacudir a poeira e agir com determinação. Mas, às vezes, dá uma preguiça... Pois bem, você não é a única pessoa do mundo a sentir a força da inércia. 

Todos nós temos uma resistência enorme em sair da zona de conforto. Está tudo lá tão arrumadinho, tão certinho... Mesmo que essa arrumação já esteja nos sufocando, que a gente reconheça que está perdendo vida e oportunidades em limites auto-impostos, ainda assim, resistimos bravamente em mudar. Ficamos ali, enrolando, adiando, fazendo de conta que a situação não existe, nos distraindo com "coisas mais importantes", como a ida ao mercado central para comprar azeitonas selecionadas, assistir ao ensaio da banda de um amigo ("mas a banda é ótima!"), o jogo de peteca aos domingos. Nada contra. Mas será que não dava para fazer isso sem esquecer o principal? 

E o principal, que é planejar mudanças para tornar sua vida melhor, pode ser feito com muito prazer. Uma pessoa aproveitou as férias para, entre uma caipirinha e outra, pensar no assunto. O que ela precisava mudar em sua vida e em si mesma para sua profissão decolar de vez? Ia para a praia cedinho, fazia tai chi chuan na beira do mar, voltava para a cadeira, tirava uma soneca, acordava, entrava na água fria e voltava animadíssima para pegar lápis e papel, refletir muito e escrever seu plano de trabalho, mês por mês. "Foi a partir desse projeto que decidi ir para a Espanha, ficar com uma amiga, fazer um curso de especialização e começar a trabalhar de lá para o Brasil", diz, contentíssima com suas decisões. 

Mas o que ela teve de trabalhar mesmo foi seu apego à família. "Tinha um ninho muito confortável na casa dos meus pais. Estava com 30 anos e jogando minha vida fora por causa do meu amor ao conforto e meu pavor do desconhecido", diz.
Ah, o apego... Diz o budismo que ele é a principal causa do nosso sofrimento. E é. O apego é uma cola que nos une às situações, às coisas, às pessoas. E, quanto mais cola, mais o esparadrapo dói para sair (e por isso às vezes é melhor arrancá-lo de uma vez do que ir aos pouquinhos). Mas o outro motivo que nos faz sofrer é a aversão. Se temos o apego a alguma coisa, é porque temos aversão a outra. 

Não só não mudamos porque estamos "colados" a uma situação como também porque temos resistência ao que é desconhecido. Em palavras mais cruas, temos medo. Geralmente, essa ameaça significa perder o controle da situação. Se eu mudar, e aí? O que pode acontecer? Pode ficar pior do que agora? E se não der para voltar atrás? Ai, que medo... Já imaginou se a gente pensasse assim ao nascer? Não nascia nunca, não há nada mais confortável e aprazível do que o útero. Mas a vida, sendo ela mesma a expressão de uma dança contínua, nos impele em direção à mudança. E, não tenha ilusões, não há escolha real: quem não muda geralmente é mudado, às vezes de uma forma muito mais dura do que uma mudança gradual, consentida e planejada. 

É como se a vida dissesse: sai do meu caminho que você está me atrapalhando. E ela vem que vem. Onde tem vida tem movimento. "Tudo o que está parado, estático, rígido, seco, está morto. Essas são as características básicas que assinalam a presença da morte. Às vezes vemos cidades mortas, pessoas mortas, mesmo vivas. São as que não mudam", diz uma monja budista. Portanto, estar com os ouvidos afinados para as trocas de ritmo da existência é fundamental quando pensamos em mudanças. Agora a gente vai ver como.

Por onde começar?

Existe uma área da vida em que as mudanças são rápidas e dinâmicas – e acontecem o tempo todo. É o mundo corporativo. Mesmo não sendo um universo mais diretamente relacionado conosco, as pessoas que fazem parte dele podem nos ajudar, e muito, no que diz respeito a realizar mudanças. Tanto que hoje existem profissionais – muito bem pagos, por sinal – que ensinam executivos a fazer exatamente isso: mudar. É o trabalho do que se chama hoje de personal coach, que nada mais é do que um técnico particular que enxerga, com os olhos bem treinados, o que você anda fazendo com o jogo da sua vida. É interessante escutá-los, principalmente porque não dão conselhos a ninguém: ao contrário, estimulam seus clientes a dar suas próprias respostas apenas fazendo boas perguntas. E a primeira questão que um personal coach coloca a seus clientes em seu consultório é: você sabe o que quer mudar na sua vida?

A maioria não sabe. Pensam que querem mudar uma coisa, mas provavelmente precisam modificar uma série de outras, muito mais profundas, para atingir a transformação que desejam na vida. Por exemplo, se você quer aprender a meditar, pode esbarrar na sua dificuldade em manter a disciplina, pois a prática exigirá uma constância diária. Ou vai ter de reconhecer e lutar contra o que detona sua ansiedade, quando tiver vontade de se levantar da almofada e sair correndo. Enfim, qualquer mudança, mesmo a mais simples, fará você entrar em contato consigo mesmo e com aquilo que o desafia internamente.

Portanto, antes de qualquer coisa, você terá de perguntar a si mesmo: o que realmente você quer mudar em sua vida? E o que você precisa mudar em si mesmo para conseguir isso? Para se ter uma ideia da importância dessas duas perguntinhas, digamos que numa série de dez sessões com um consultor de coaching, três ou quatro delas – portanto, quase metade do processo – serão destinadas a esclarecer apenas esses dois pontos. Caterina Alberti, redatora de publicidade das boas, aprendeu isso na prática. Tinha um problema visceral com prazos. A moça era enroladíssima. Propunha-se a cumpri-los, comprometia-se por um tempo e depois caía na mesma história. "Percebi que para algumas coisas conseguia cumprir prazos sem problemas. Era pontual quando marcava encontros com pessoas de quem gostava, não perdia filmes ou peças de teatro que iam sair de cartaz e que eu queria muito ver, pagava direitinho as prestações do meu apartamento, que adoro de paixão", conta. 

Portanto, o mundo, para ela, dividia-se em coisas que gostava de fazer e as que não gostava (mais ou menos como para todos nós). Só que, para as que gostava, Caterina dava tudo. Para as que não gostava, nada. "Fui mimada demais", reconhece. Além disso, não sabia delegar funções. "Sou perfeccionista. Acho que só eu sei fazer tudo, de cozinhar a tirar espinho do pé." Para mudar sua relação com os prazos e consciente do seu amor às suas predileções, escreveu uma lista do que gostava ou não de fazer. Quando via que estava atrasando porque não gostava daquilo, se aprumava, resistia bravamente a sua compulsão de enrolar, e fazia. Também aprendeu a não se sobrecarregar demais com tarefas domésticas e profissionais e a dividir funções. Sem falar que resolveu, definitivamente, abaixar o volume do seu perfeccionismo intolerante. "Na verdade, precisei mexer em áreas que jamais poderia imaginar que estivessem relacionadas com minha dificuldade com prazos", diz. Ainda escorrega vez por outra, admite, mas melhorou muito.

O mapa da vida

Eu proponho uma maneira simples para nos ajudar a descobrir o que realmente é importante mudar. Um jeito fácil de perceber onde nossa vida está desequilibrada e onde precisa de mudanças urgentes é desenhar um círculo, dividi-lo em quatro partes e colocar, em cada uma delas, um dos seguintes tópicos: vida pessoal, vida profissional, vida cultural e vida espiritual.

Na vida pessoal, vamos descrever a quantas andam nossos relacionamentos, conosco e com os outros, o que nos incomoda ou o que falta no campo emocional – e o tempo destinado ao desenvolvimento pessoal. Aqui também entram os hobbies, as viagens, o lazer e o ócio (quantas horas dedicamos ao descanso). Também fazem parte dessa área a auto-imagem, o cuidado com a saúde e com o corpo e quanto tempo a gente dedica a tudo isso. Na vida profissional, as nossas metas, as dificuldades e quanto tempo o trabalho ocupa em nossa vida. Na parte cultural/social está o tempo dedicado a livros, filmes, revistas, palestras, cursos ou ações voluntárias. E na espiritual, a meditação e tudo o que fazemos em relação ao nosso desenvolvimento interior. De cara, vamos perceber que há um desequilíbrio. Uma ou mais partes estarão mais "pesadas" do que outras. É claro que pode haver uma ênfase um pouco maior numa das áreas, mas o ideal é que seja só um pouco maior e não muito maior, aconselha Wilber. Outro detalhe: esse equilíbrio é dinâmico, está sempre em mutação. Por isso é bom tornar a fazer o círculo depois de um certo tempo, para termos noção do que já mudou e do que ainda precisa ser mudado.

Geralmente, uma das áreas em desequilíbrio é a espiritual. Até mesmo quem lida com executivos, num ambiente que parece ser puramente racional e pragmático, vai tocar nesse ponto. Vamos voltar mais um pouquinho ao mundo corporativo. A essa altura, em que você está escolhendo suas prioridades, o personal coaching vai perguntar as questões básicas da metafísica: qual é o seu objetivo na vida? Qual sua razão de existir? O que você acha que veio fazer neste mundo? O que o faz realmente feliz? "Todas as metas estão subordinadas aos objetivos maiores da vida. As pequenas mudanças têm mais ou menos força na medida em que estão alinhadas com as metas maiores, mais existenciais do ser humano", diz Robert Wong, personal coaching e autor do livro O Sucesso Está no Equilíbrio. "Para mudar, precisamos unir corpo, mente e espírito numa só direção. Só assim as mudanças ganham sustentação necessária para que possam ocorrer", diz ele.

Isto é, não adianta ficar sonhando apenas com a casa na praia ou com aquela viagem quando queremos mesmo é ter alguém que nos ame do nosso lado ou realizar algo maior em nossas vidas em benefício dos outros. Uma coisa não anula a outra, é claro, mas é preciso saber reconhecer a importância de nossas necessidades espirituais e emocionais antes de estabelecer planos materiais concretos. Assim, diz ela, a possibilidade de ser feliz fica bem maior.

Estabelecidas, portanto, suas grande metas de vida e as pequenas mudanças necessárias para equilibrá-la, chegamos ao próximo passo.

Arregaçando as mangas

Preste bem atenção na expressão acima. Ela diz tudo. O entusiasmo, o desejo de trabalhar de todo o coração por uma meta, é vital para alimentar o início da sua jornada. O primeiro passo tem de ser forte, vibrante, cheio de energia. O mestre espiritual armênio Georges Gurdjieff, que viveu no século passado e que compreendia profundamente a psique humana, dizia que tudo na vida pode ser dividido em sete etapas. Se fosse uma escala musical, por exemplo, ele a dividiria em sete notas. E diria que dar um dó inicial forte é fundamental para o cumprimento de qualquer tarefa. Empreitadas que se iniciam com um impulso fraco não duram, pois não têm força suficiente em si mesmas para serem levadas adiante.
É o que acontece, por exemplo, com a maioria das resoluções que fazemos no início do ano. "Elas apenas expressam um desejo, um anseio. 

É como querer um presente caído do céu, algo que não depende de nosso trabalho. Não existe uma meta e nem a disposição convicta para cumpri-la", diz Mizuji Kajii, membro do International Coaching Community e especialista em programação neurolinguística e técnicas de liberação emocional. Em resumo: anseios geralmente não têm muita energia e não se pode confiar na sua eficácia.

A maioria dos desejos também é generalizante e não tem foco específico. Por exemplo, os famosos "eu gostaria de encontrar um bom emprego" e "eu gostaria de emagrecer". "Experimente trocar o tempo e o verbo do 'eu gostaria' por 'eu quero'. É fácil observar que o 'eu quero' já traz implícita uma ação. Se eu realmente quero, vou fazer algo por isso", diz Mizuji. Quer ver um consultor de coaching feliz é dizer com todas as letras: "Eu quero emagrecer 4 quilos até março, 2 quilos por mês, já me matriculei na academia e comecei o regime". Objetivos, prazos, modos de agir, compromisso, tudo isso estimula a ação e o cumprimento da meta. Por isso planeje, deixe claras suas expectativas, vá mudando aos poucos, a cada dia.

Talvez a mudança tenha de ser drástica mesmo. Não adianta mudar para permanecer na mesma situação. Aliás, tem gente que muda apenas para continuar igual. É o caso, por exemplo, de quem troca de casa, de carro, de cidade só para não trocar as bases da relação com o marido ou a mulher. Recusa-se a ver que o relacionamento pode ser o verdadeiro problema. Mais uma vez, é não compreender o objetivo de uma mudança: ser mais feliz.
Mas como reunir essa força toda para mudar, essa vontade de arregaçar as mangas com o fervor de um recém-convertido, quando já se está perfeitamente consciente de que muitas vezes nossa decisão implicará em nos mexermos mais que o que estamos acostumados?

De olho na meta.

Vamos voltar de novo ao que fala Gurdjieff. Continuando com o exemplo da escala musical, ele diz que entre a nota mi e a nota fá ocorre um arrefecimento da vontade inicial. Corre-se o risco de perder a gana de cumprir o objetivo ao atravessar esse intervalo. Se fosse um casamento, poderíamos dizer que lá pelos dois anos de união, quando a paixão já passou e a rotina ganhou espaço, ocorre um perigoso hiato na manutenção do compromisso. É preciso dar um impulso adicional para renová-lo, algo para unir de novo o casal. Podem ser umas férias, a vinda de um filho, a compra de um imóvel.

Dilema atroz

Uma das histórias que se costumam contar nesses cursos que auxiliam as pessoas a fazer mudanças é a de um matemático e professor genial. Ele era admirado por seus colegas e tinha posição garantida na universidade onde lecionava. E adorava tocar saxofone. Cada vez menos sua vida como professor o satisfazia e cada vez mais ele queria se dedicar inteiramente ao seu instrumento. E foi o que ele fez. Abandonou tudo e foi tocar saxofone na noite de uma grande cidade. Só que tinha um problema: ele era um saxofonista sofrível. Medíocre mesmo. Não conseguia ir além de tocar em botecos. Dormia em albergues, quando não na sarjeta. O que fazer então: ser um professor bem-sucedido infeliz ou um músico medíocre feliz?

O consultor Mizuji não se aperta com esse tipo de dilema. "Às vezes, as mudanças não precisam ser tão radicais, elas podem ser negociadas", diz. Uma alternativa que não seja nem tanto ao mar, nem tanto à terra pode ser a saída. O cineasta Woody Allen, um bom exemplo, dirige filmes e toca clarineta às terças-feiras na casa noturna Elaine's.

Outra alternativa é a possibilidade de escolher algo completamente diferente dos caminhos que se contradizem, uma terceira opção. No caso, procurar mais alternativas que possam trazer mais alegria na sua vida. Ou, ainda, admitir que a felicidade tem um preço e que você está disposto a pagá-lo, acima de tudo.

Outro dilema que pode acontecer no meio do caminho é o interno. Temos muitas vozes dentro de nós, uma delas, a do crítico.

Leia, pesquise, pergunte. E acima de tudo preste atenção em si mesmo, no que sente e nas vozes que falam sem parar em sua mente, procurando dar vazão ao sábio que existe em você e tirando de cena o crítico, aquela voz que te critica, critica a tudo e a todos, mesmo que de maneira sutil. Como disse, é preciso prestar atenção em si mesmo e no que sente.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

HARMONIA E DISCÓRDIA.



Vivemos numa velocidade incessante. Os dias são corridos, corriqueiros e recheados de desafios. Muitos nem conseguem enxergar as intensas passagens, parados onde estão, sem saber ao certo o que querem.

Normalmente quando pergunto a alguém o que quer, o que vem são coisas do tipo: Quero ser feliz... Quero ter dinheiro... Quero encontrar o amor da minha vida...
Tudo é válido contanto que o principal objetivo seja apreciar  esse viver. Os desejos servem para decorar sua vida, dar um toque, trazer a tona um novo estilo. Viver é muito mais do que ter planos, do que simplesmente ter. Viver é a síntese daquilo que és! Viver é mais que ser assim ou desse jeito.

Viver é deixar ser! É sair da frente! É permitir ser! Viver é se entregar! Não há resistência e nem discórdia, por que você aceita, de bom grado. 

Aceitar, não significa baixar a cabeça, se contentar com pouco ou com uma situação incômoda.
Aceitar é influir e deixar fluir ao mesmo tempo! 
Conciliar o que deseja com o fluxo do universo. 
É saber encaixar seus desejos no imenso maremoto de ondas energéticas que seguem um movimento infinito. 
Você  observa, sente, percebe e encaixa. Como quem espera o trem chegar e se coloca no momento certo diante da porta que se abre e logo se fecha seguindo adiante.

Se soa genérico demais e até mesmo um tanto quanto poético, observe! 
A vida é como um imenso fluxo de poesias embaladas ao som de boa música!
Vidas em harmonia e em discórdia, e até mesmo nas duas situações...

Deixo claro na imagem que posto o sentido que quero lhe passar da vida que vejo, da vida que acho ser não a harmonia pura e simples, e nem tampouco a discórdia, mas um ponto aonde tudo acontece: O meio!
Equilíbrio, harmonia, bondade, bem-aventurança, alegria, são sim ótimas de se viver. Quem não as quer?

Meu desejo flui e alça pontos mais longínquos e deseja uma vida além dos rótulos, além das convenções e referências. Quero antes de tudo ser eu mesmo, gostoso e feliz e por mim mesmo, ainda que não saiba e não possa definir.

Encontrar essa forma de fazer acontecer, vôo longe e alço etapas já muito esquecidas pelas mentes ocupadas em seus afazeres.
A vida é algo entre a harmonia e a discórdia, pura e simples.
Esse movimento de entra e sai, do embalo que uma mãe faz em seu filho é apenas uma etapa. 
Harmonia e discórdia devem ser experienciadas e desapegadas.

A vida pode sim ser o que quer, até mesmo com seus habituais rótulos, quando não se questiona tanto os métodos, as fórmulas e apenas se vive.
Os rótulos só irão trava-lo se considera-los, do contrário, és livre na concepção!

Quando se quer realmente viver e se ama de verdade, a vida já vem com todos os quereres embutidos no "pacote".
Clara, rápida e intensa serão as respostas, com ou sem as perguntas.

Amar a vida e abraça-la como quem abraça um último sopro - todos os dias - é a chave para tudo que há para se descobrir e experimentar. Daí seremos criadores absolutos e traremos pendurados em nosso peito um escudo intransponível da maior emoção jamais e eternamente vivida, presa em laços, que nos unem e nos separam, pelo menos por hora, e quem sabe até para sempre.