terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

TUDO AO SEU REDOR LHE DIZ ALGO.



Prestar atenção e olhar em volta. Se perceber e perceber o mundo ao redor são de fato a única coisa que precisaríamos fazer nesta nossa jornada. Tudo mais é complemento ou deriva disso.
Sendo assim, a natureza e o universo nos disponibilizam - integralmente - no mundo exterior, todas, sim, isso mesmo, TODAS as informações a nosso respeito e das criações e recriações que fazemos diariamente.
Nossa vida, nossas dificuldades e facilidades permanecem expostas, seja de forma escancarada, seja indo até as mais profundas sutilezas dos detalhes.
Coisas do tipo: a forma com que nos vestimos, nos cuidamos, os adereços e enfeites que usamos, assim como a arrumação - ou não - da casa em que vivemos, do quarto em que dormimos, do estado do objetos que usamos e da sua duração falam muito sobre nós.
A sujeira, a bagunça ou não que deixamos pra trás depois de comer, se banhar ou simplesmente habitar revelam detalhes que se bem observados - sem julgamentos - facilitariam em muito a questão do mergulho dentro de si mesmo.

Já deu pra ver que não precisa ir muito longe em busca de si mesmo. Não precisa mergulhar em grandes estudos e nem tampouco pagar penitências para descobrir e revelar as intensas e amplas possibilidades que se abrem ao praticar de forma contumaz a questão da observação dos "rastros" que deixa ao trilhar o caminho.
Os caçadores mais tradicionais tinham uma capacidade muito interessante de observar e saber muito sobre sua caça ao analisar suas pegadas. Sabiam de antemão seu estado geral, se estavam cansados, aflitos, machucados, perto ou longe, ou mesmo distraídos ou despreocupados pela simples análise dos rastros deixados.

Acontece que fomos educados na vergonha e na culpa, fato esse que dificulta não só o olhar, mas também a ressignificação.
Desacostumamos de olhar para nós e fomos devidamente adestrados a olhar para os outros, não no intuito sadio de nos vermos neles, mas sim no olhar acusatório e culposo dos dedos apontados.
Nossa percepção está destreinada e enferrujada devido ao simples fato de a usarmos de forma muito superficial. 
A distração se tornou uma obsessão que se transformou em algo normal e perfeitamente aceitável do ponto de vista de quem não faz a menor ideia de quem é e nem o que faz aqui.
Confundimos atenção e estado alerta com tensão e desgaste. Nada pode ser mais falso.

Muitas vezes os detalhes que observamos a nossa volta parecem não ter ligação direta com determinadas características nossas que muito nos atrapalham, ou mesmo com "realidades" que vivemos de forma repetitiva e da qual não gostamos nem um pouco, trazendo a falsa noção de que nada tem a ver com coisa alguma.
Não conseguimos nem associar a bagunça de nosso quarto de dormir com o caos em nossa vida ou a sujeira que deixamos no banheiro com a interrupção do fluxo da abundância.
Mas a intuição muitas vezes nos alfineta e corremos para arrumar o quarto pegando boa parte daquela bagunça e enfiando no guarda-roupas, não fazendo nada além de esconder aquilo que nos parece incomodo. 
Esse movimento é reproduzido nas relações que ficam muito superficiais por conta da "sujeira" escondida e pela falta de "espaço" aberto em nós devido a ocupação da nossa psiquê com fatores como o medo, a vergonha, a culpa, a raiva, frustração, sentimento de vingança, rancor e muitos outros que deveriam ser observados, aceitos e devidamente trabalhados no âmbito da compreensão de sua natureza e do porquê estão ali gritando por nós.

Por outro lado, se prender demais em certos detalhes pode não te levar a lugar algum, na medida em que faz julgamentos que freiam o fluxo. Observar suas características e ao mesmo tempo deixar que passem mantém o fluxo da vida e da abundância em constante movimento.
Interagir como mero observador é extremamente libertador, pois nos faz ter a consciência de nós mesmos sem nos reter no fluxo da vida, e assim nos traz grande contentamento ao conciliar o mais profundo trabalho com a mais absoluto lazer.
Você tem espaço para ser quem é!
Se fica analisando suas características pessoais sob um ponto de visto culposo ou vergonhoso você se trava e pode até travar também a vida daqueles entes mais queridos que vos cercam.

Todas essas características, tais como: organização, cuidado, atenção, carinho, zelo não tem propriamente uma maneira "correta" de existir em sua vida segundo um determinado "padrão". Padrões são criações de outros homens, portanto podem não ter nada a ver contigo. Muito cuidado na hora de tentar adotar certas maneiras de SER que vem de fora, muitas vezes desrespeitando a sua própria e particular maneira de SER.
Essas bagunças ou arrumações estão ali como um ponto de referência que só tem a ver com você mesmo, não devendo de forma alguma ser comparado com os das outras pessoas.
E é aí que mora uma das dificuldades, pois desde crianças fomos acostumados a comparar, a ter sempre alguém como referência para tomarmos como "certo" ou "errado".
Isso pode ter sido adequado até um certo ponto, mas agora, diante de um universo de infinitas possibilidades, dos desafios que a liberdade te apresenta, se tornam um estorvo que precisa ser imediatamente compreendido, sob pena de lhe reter em algo preciosíssimo e que precisa ser inteiramente vivido tão somente por você mesmo.

É claro que devemos evitar o tom acusatório em nossos relacionamentos, entretanto há que se apontar alguns ítens que podem muito bem servir para a reflexão e análise do outro, uma vez que a opinião dos outros pode sim - em certos momentos - ter um papel relevante naquilo que viemos fazer aqui. Ou seja: em nosso próprio reconhecimento.
O que não dá - mais uma vez - é se prender a opinião dos outros. Como vê, todo o excesso pode ser prejudicial, dependendo do contexto.
Daí termos tantas regras, leis, costumes, que variam as vezes dentro de uma mesma comunidade. Esse excesso de regras tem a ver com o medo e a necessidade de controle, derivado principalmente da comparação e ao mesmo tempo do "esquecimento" de quem somos.
Se olhamos o outro e o achamos "melhor", e isso nos afeta, está aí um claro sinal de que andamos bem esquecidos de quem somos.
Agora, se olhamos o outro, achamos interessante e imediatamente procuramos dentro de nós características semelhantes, complementares, respeitando bem as diferenças, damos um passo importante para sermos quem somos de fato.
Esse estímulo deve funcionar de forma a nos induzir ao movimento e não a pura e simples comparação invejosa. Esta sinalizando de forma muito clara - através da inveja - nosso desejo mais íntimo de nos encontrar.

Nossas necessidades nos impulsionam aos relacionamentos e estes a nos dizer claramente aonde - dentro de nós - está a chave que abre aquela porta.
É sábio perceber mesmo sem ainda compreender completamente que há uma pista, um sinal a ser percebido ainda que não percebido, pelo poder natural da intuição, inerente a todos nós.
Você sabe que há sapos naquele brejo sem nunca tê-los visto. Um poder que não pode ser explicado em palavras. Precisa ser vivido.
Acostume-se a olhar mais ao seu redor e a diminuir ao máximo o julgamento que faz desses eventos, tendo a certeza que eles estão ali não para lhe castigar, importunar ou atrapalhar e sim para lhe entregar as chaves de todas as portas que desejar entrar.
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