domingo, 2 de setembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DE SENTIR COM E SEM MEDO.


Viemos aqui para experienciar. Nada a ver com sofrimento e provas de mérito. A experiência pode ser eminentemente deliciosa. Não há méritos no sofrimento! Mas devemos experimentar.
Sendo assim, é preciso compreender que todas as etapas, mesmo aquelas que mais parecem com perda de tempo, serviram muito bem ao seu propósito. 
Diante das nossas necessidades evolutivas, nós mesmos, através dos pensamentos, sentimentos e ações, juntamente com a ligação e interação com as pessoas próximas de nós, sendo elas parentes ou não, criamos um caminho sob medida. 
A melhor notícia é que assim como criamos este, e por pior que seja, ele nos mostra o imenso poder criacional que temos, mesmo que um tanto inconsciente ainda. Dessa forma, podemos mudá-lo quantas vezes quisermos. E apesar de ser esta uma afirmação um tanto relativa, denota uma robusta verdade disponível.
O fato de termos potencial, por si só não faz o trabalho. O ato de se mover pertence a nós, e ninguém no universo ousará nos tirar esta prerrogativa. 
Nossos sentimentos são esboços do que somos. São fragmentos, assim como o ego, de nosso SER interno e de tudo que faz parte indissociável de nós. 
Portanto, não há nada que precise consertar, se livrar, escarrar, reformar. O que há é o que precisa ser vivido, sentido, percebido em níveis cada vez mais profundos e sutis.
O medo, assim como os demais sentimentos, precisa ser experimentado. A ausência dele também. Mas essa ausência somente virá como consequência do desprendimento e da entrega que tiver ao vivencia-lo. Observe as crianças. Em um minuto uma criança é capaz de ir a mais profunda tristeza e emergir a mais esfuziante alegria. Ela não se prende, vai e vem tranquilamente. Chora, faz xixi e coco nas calças, se suja, mexe em tudo, grita num velório e dorme tranquilamente no meio de uma festa barulhenta. Ou seja, ela vive!
Não fica pensando, não fica preocupada com as horas, não se importa quanto a hora do almoço, a não ser que esteja com fome.
Sim, eu sei, você irá dizer: Não somos mais crianças. Em termos não e em termos ainda sim, porque nossa criança interior está e sempre estará conosco. Precisamos então encontrar uma forma de mantê-la viva. E essa forma não tem receitas. Cada um irá ajustar-se, contanto que não sufoque sua expressão que faz parte de nós, assim como todos os sentimentos.
Não precisa cagar nas calças, mas se tiver vontade de chorar, rir, soltar pum, ficar quieto, falar, enfim, o que quer que seja, faça!
Cada vez que guarda uma expressão se poupa de uma experiência muito valiosa que pode ser um divisor de águas em sua vida e desta forma não deve se desprezada.
As consequências serão proporcionais às expectativas. Se às expectativas são as melhores possíveis, assim será a experiência, mesmo que num primeiro momento ela nos demonstre claramente o contrário. O cuidado com as precipitações deveria estar todo aí e não em possíveis consequências desastrosas. O desastre que pode haver está sempre ligado ao fato de ter abrido mão de uma experiência que poderia ter te alavancado a níveis surpreendentes.
Preste atenção no que digo, porque isso é muito muito muito profundo.
O tudo, o nada e o meio termo são coisas para serem saboreadas. No meio termo talvez esteja o que o racional chamou de equilibrado, ponderado e portanto mais cheio de certezas. Só que certezas em uma vida de infinitas possibilidades é uma grande bobagem. Esqueça! Não há certezas na vida e é bom que seja assim.
Se as possibilidades são infinitas sempre haverá algo novo pra se saborear ainda que seja no mesmo lugar que está e com as mesmas pessoas.
O seu tédio talvez possa estar vindo daí. Pelo medo de sentir o medo, você se abstém de experiências valiosas, por mais estúpidas e sem sentido que elas possam parecer.
Não é para ficar procurando sentido em tudo. Basta viver e o sentido vem naturalmente. Basta viver e a grana, a saúde, o amor e as relações das mais gostosas também vem.
Agora, se evita, se foge, se reprime e se finge que não vê, me desculpe, mas está com problemas!
O que evitamos, talvez seja o que nos tiraria de muitos problemas. Na medida em que aguça sua percepção começará a perceber o que estou dizendo.
O meio termo parece razoável? Sim. talvez seja mesmo. Mas não se prenda totalmente a ele. Tem certas horas que os extremos precisam se expressar! Mas também não se prenda nos extremos. Esteja solto, atento e vibrante, e o que vier está bom. 
Toda essa vida que proponho-lhe viver imediatamente e sem desvios lhe trará uma das coisas que talvez mais deseje em sua vida e ainda nem se deu conta: O SABER.
Você já SABE! Mas não lembra. Você já é, mas não lembra. Você é o criador de sua própria experiência, mas não lembra. Não há nada demais neste fato. O fato de não lembrar não lhe tira absolutamente nada. Não é de propósito com o intuito de lhe dificultar o que quer que seja. Apenas é um campo propício as mais grandiosas e deliciosas experiências. O fato de provisoriamente "sair" deste "SABER" está na delícia que é você retornar a ele; retomá-lo. O mais gostoso de quando estamos com frio, fome, sede não é o fato de poder se aquecer, comer e beber?! Por isso essas experiências são repetidas inúmeras vezes. O prazer que elas dão é inefável.
E a medida que SABE, pode abrir mão de crenças, de achismos, de suposições. E é aí que experimenta a ausência do medo ou de qualquer incomodo, pois você SABE!
Veja, não é preciso que lhe digam, não é preciso a dúvida, a desconfiança, mais uma vez repito: você SABE!
Essa mecânica das crenças foi criada para que fosse possível uma experiência relevante quando há a relativa e provisória ausência do SABER.
As crenças são poderosas, elas criam a nossa realidade e impedem que tenhamos desejos realizados e consequentemente mais experiências diversificadas. Crenças que vão contra nossos desejos são um claro desencontro entre o que somos com aquilo que pensamos que somos. Elas são protótipos, esboços, sementes do SABER.
Elas também são o resultado de uma série de evitações de experiências devido ao medo de sentir o que aparentemente nos incomoda. Se é assim, sinta todos os medos que puder, mas vá também abrindo espaço para os demais sentimentos, como a alegria, o contentamento, o amor e tudo mais.
Aprenda a estar profundamente triste e no momento seguinte vibrante e alegre. Não se incomode se parecerá incoerente ou maluco. É dessa afirmação que me baseio quando falo que a verdadeira iluminação nasce da loucura.
Iluminação é o reconhecimento de si mesmo. Você não irá virar um anjo alado e com uma aura brilhante - apesar que ela irá mesmo ficar assim -, apenas irá clarear sua visão de si mesmo e consequentemente do mundo e de todos que habitam nele. 
E este SABER a que me refiro, não tem nada a ver com os livros, os cursos, as universidades daqui. Este SABER vem de dentro. O que aprende por aqui são meros estímulos as lembranças de tudo aquilo que já está em ti. Às vezes estudar muito, se encher de informações só forma no final um monte de entulhos que atrapalham e que cedo ou tarde precisarão ser removidos.
O verdadeiro SABER somente advém da experiência. E como cada um terá as suas, nem dará para medir quem sabe mais. Esta tarefa é simplesmente impossível. Não pelo fato de não ser possível ser feita e sim pelo não cabimento neste contexto específico.
E não é a experiência que ensina. Esta é também um mero estímulo. É como a água, o sol, o adubo e os cuidados que tem com uma planta para que ela cresça saudável.
Tudo que a planta precisa pra se tornar o que ela já é, está nela. Mas sem o estímulo ela não passa de uma mera semente. A semente é rica, ela tem vários atributos, tem alma. Mas é só potencialidade para este campo específico que aqui relato.
Se parar para fazer um retrospecto com calma, irá ver um monte de exemplos em sua vida de coisas que nada sabia, mas que foi lá e fez. A partir do momento que foi desafiado pelas circunstâncias, parece que do nada o tal "SABER" sobre aquele assunto surgiu.
Quando somos crianças, estas experiências são mais comuns. Estamos "descobrindo" o mundo e não temos ainda um grau de medo que nos impeça a ponto de fazer desaparecer tais desafios. A criança aceita. Vai lá e tenta, experimenta. Algumas vezes pode acontecer o que chamam de "dar errado", mas para o pequeno, nada deu errado, porque ele não tinha expectativa que desse "certo", ele só queria saborear a delícia que é mexer, e consequentemente experimentar.
Os adultos é que repetem feito papagaios: Poxa menino, viu só o que você fez?! quebrou! perdeu! estragou! se machucou! Para a criança é até muito difícil entender do que se trata essas afirmações. Daí muitas delas repetirem os mesmo feitos.
A criança está programada para estar de coração aberto ao que der e vier. E nós adultos, precisamos retomar esta preciosidade em nossas vidas.
Se ela machucou-se e sentiu dor por isso, para ela, é só mais uma experiência. Nada tem a ver com desastre. Ela nunca negativa a experiência e aí está a grande sacada!
Acidentes maiores estão com certeza ligados aos pensamentos dos pais e parentes que acabam induzindo o pequeno a um caminho que certamente ele não escolheria. 
Quando somos pequenos estamos muito entrelaçados a nível energético com nossos pais. Este entrelaçamento permanece mas vai diminuindo quanto à sua irradiação, por assim dizer, a medida que crescemos e assumimos nossa independência.
Este entrelaçamento não existe só para prejudicar a criança. Ele serve para que os pais se vejam nela. A via é de mão dupla. A positividade daquele estado natural da criança contamina os pais também.
A natureza teve o cuidado de nos abastecer num ciclo bastante interessante, trazendo-nos os filhos, os netos e as demais crianças a nossa volta para nos ajudar a lembrar um pouco mais sobre nossas origens.
Infelizmente a maioria, apesar de apreciar as crianças, se restringem apenas a desprograma-las e a inserir um monte de bobagens em seus corações.
As crianças estão aqui mais para ensinar do que aprender. Apesar de que como disse, nenhum de nós precisa aprender nada, apenas relembrar. Falo nesse sentido quando digo que as crianças estão aqui para ensinar. Ensinar significar fazer lembrar. Nada mais.
Os animais também. Eles estão sempre sintonizados com quem são, com a fonte, com o fluxo. Podemos usá-los como referência nessa caminhada.
Sendo assim, este experimentar com e sem medo, esse aprender e a evolução propriamente dita tem a ver tão somente com o desenvolvimento da percepção. Ao perceber você vive. E vivendo experimenta tudo que veio experimentar num ciclo infinito. Todos os desejos nascem e fluem como numa cachoeira e são realizados para que provoquem as sensações infinitas e as tais experiências. E estas, não tem começo-meio-fim, elas seguem pela eternidade. 


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