quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DIVAGAÇÕES SOBRE O TEMPO.


O tempo. Real? Ilusório? Abstrato? O que era a pouco o presente, agora é passado. O tempo pode ser encarado como uma relação entre coisas, já que nosso intelecto foi programado para conceber as coisas relativamente ao tempo, ou seja, sucedendo-se umas as outras como um movimento. O tempo e o espaço estão sempre associados na teoria da relatividade.

O tempo. Pense um pouco mais sobre ele. Como medimos o tempo? Como um fluxo? Um transcorrer?  Como funciona o seu relógio? Baseado em que ele está? No movimento da terra?!
Então o tempo é uma medida de movimento? Um ciclo de movimentos determinam o tempo?! Sendo assim, o tempo não existe. Ele não passa de uma marcação cíclica de um movimento perpétuo.

Sincronizam-se os relógios a este movimento e o chamam de uma coisa que nunca existiu. E a eternidade?Se somos Deuses eternos, não temos começo, meio e fim. Como fica essa questão do tempo quando pensamos no Eterno? Não lhe parece que perde todo o sentido? Mas vamos morrer um dia. Essa não seria uma constatação de que senão o tempo, mas alguma outra coisa passou?

Se eu me desvincula-se, me desprograma-se desta ideia de tempo ele deixaria de ter efeito sobre mim?! Em tudo e até na velhice? Não ficaríamos mais velhos porque desconsideramos o tempo?
Eu já notei por diversas vezes que aquelas pessoas que são, por assim dizer, mais desprendidas do tempo envelhecem mais devagar.

Finja por alguns instantes que o passado e o futuro desapareceram. Tente imaginar isso agora. O tão propalado momento presente. Esqueça o relógio. O que pode observar diante desta situação? Pode sentir o tempo passar? Se estivesse trancado num quarto escuro e sem janelas, tudo muito escuro por dias a fio, saberia perceber o tempo? Ou simplesmente ele deixaria de existir?! O que pensa a respeito?

Veja se consegue, mesmo que rapidamente ter uma pequena noção do que é sair da cadência do tempo. Nossos sentidos estão adestrados para associar tempo a movimento e vice-versa. Daí ser necessário a distração, pois o dis-trair é trair a si mesmo através da ausência do momento presente.
Se conseguir ter a sensação imaginária - e que pode ser real - de que passado e futuro desapareceram completamente, mesmo que por alguns segundos e conseguir captar a SENSAÇÃO deste momento único, terá descoberto um dos maiores tesouros que existem no universo, que tem ligação com um monte de outras coisas importantes em termos de conexão espiritual.

Mas a atenção permanente no momento presente a mentes condicionadas torna-se um verdadeiro sacrifício. Sendo a sua imposição contraproducente para a compreensão da infinita e grandiosa ideia que tento passar aqui. O tempo é um movimento que passa em ritmo aparentemente constante. Nada pode retarda-lo ou apressá-lo, pelo menos a nível do relógio. Todavia, determinados estímulos externos, como bem observou o grande cientista Albert Einstein, podem alterar a sensação que temos do seu ritmo.

O  tempo e a mente do jeito que são percebidos por nós, em geral, são entidades únicas e fruto de elementos condicionantes. A mente alimenta o tempo e o tempo alimenta a mente. É um troca troca pernicioso e muito prejudicial a nossa expansão se puder observar.
Algumas tribos indígenas mais afastadas da "civilização" não usam o tempo como marcação de coisa alguma. Elas observam o movimento do sol e fazem suas tarefas em função disso, mas sem as condicionantes estressantes que a nossa marcação faz através de ponteiros do relógio.

Mesmo de férias e sem compromisso algum, algumas pessoas se veem presas aos ditames militarizados desta condicionante chamada de tempo.
Se observar bem, o tempo e o militarismo estão muito ligados. O militar utiliza o tempo como uma marcação rígida, e isto, claro, tem sua razão de ser.
Einstein nos dá uma noção do que seria uma ferramenta interessante se bem trabalhada para descondicionarmos do tempo, quando explica, de forma simples, a teoria da relatividade: "Ao sentar ao lado de uma linda mulher, uma hora parece um minuto. Mas ao sentar na boca de um fogão aceso, um minuto parece uma hora.

Essa manipulação da sensação de tempo, conforme manipulamos a mente e seus interesses, nos dá uma noção de que tempo e mente são derivados e também criador e criatura. Não havendo necessariamente esta ordem, pois se tira um o outro morre imediatamente.
Vários mestres ensinam que os condicionamentos da mente e o tempo são ilusões criadas como mecanismo de despertar da consciência, na medida em que você consegue perceber esta ilusão. São então parâmetros de "avaliação" que uma alma evoluiu de verdade a partir do momento em que ela - a alma - percebe este artifício.
Ao perceber as facetas desta nossa noção de tempo, imediatamente você ascende e se reconecta ao tudo que é.

Associar tempo ao movimento foi uma medida bastante inteligente no sentido de nos afastar da fonte e nos tornar escravos de nós mesmos.
Tente imaginar os filmes de ficção científica da década de 70, tais como o "Túnel do Tempo" e "Perdidos no Espaço" em que determinadas cenas apareciam os personagens completamente "congelados" ou "paralisados" por uma força misteriosa. Relembre a cena. O tempo ali parece ter parado, apesar de haver sempre alguém no filme caminhando com o ar de estranheza diante do que vê. Mesmo havendo o movimento da câmera e do mocinho, dá para ter uma certa sensação de que o tempo ali parou mesmo.
Todavia, esta é outra ilusão, uma vez que o tempo não se desloca para lugar algum. Não existe movimento propriamente do tempo. O tempo não é algo palpável, físico, a ponto de medirmos o seu deslocamento. O que medimos é o deslocamento do planeta e associamos ao tempo.
Como todo movimento, no sentido físico, tem começo, meio e fim ou de "A" até "B" e até "C" e assim por diante, acabamos por dar ao tempo uma característica cíclica que não é sua. Quando inserimos as marcações como minuto, horas, dias, meses, anos, esse ar cíclico, aumenta de forma intensa a sensação de começo-meio-fim, e por conseguinte uma desconexão com o princípio do eterno agora.

A teoria da relatividade nos apresenta o tempo e espaço como conceitos relativos. Será que o trem passa pela estação ou a estação é que passa pelo trem? Depende do ponto de vista. Os dois são verdadeiros, mas essa verdade só vale do ponto de vista de quem vê. Mesmo sendo válida ela não é absoluta. Ainda sim poderíamos ter mais que dois pontos de vista, ampliando ainda mais a relatividade de uma afirmação que a princípio parece "verdadeira".
Pegando esse exemplo de espaço, não poderíamos transportar para o tempo e considerar que por mais "verdadeiro" que pareça e por menor que seja minha percepção em outras escalas, ainda sim aceitar que pode haver uma relatividade que ponha em dúvida a sua concretude?

Imagine você numa plataforma suspensa no espaço sideral e sem nenhum objeto a vista. Como poderia saber se a plataforma está parada ou se movendo? Não poderia. Para perceber o movimento neste nível de consciência relativa - qual nós estamos -  precisa de uma referência, de um ponto pelo qual observa, assim como o trem e a estação.
Mas qual ou quais as referências precisaríamos retirar afim de parar ou pelo menos não ter a noção do tempo como temos daqui? Uma delas seria o movimento, na forma de deslocamento de um ponto a outro. Poderíamos cessar todo o movimento, como se faz numa meditação parada e profunda. Isto reduziria a noção de tempo e consequentemente a noção de separação quando parece que movemos mas tudo está relativamente parado.

Já pessoas em coma, perdem de fato a noção do tempo assim que retornam, associando mais uma vez o tempo a duração da consciência relativa. O tempo só existe para uma consciência limitada na capacidade de deslocar seu ponto de vista a infinitos pontos. Se pudesse estar em todos os lugares ao mesmo tempo, não haveria o tempo, pois não haveria deslocamento.
Entretanto, nos abstemos por hora de fazer. Mas podemos chegar lá. E esse lá é aqui e em todo o lugar, assim como todo lugar é um lugar só, basta mudar seu ponto de vista sem se fixar em lugar algum.

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