sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O PODER DA VENERAÇÃO.







Venerar é cultuar, cultivar. Quando venero eu ponho a minha atenção dirigida, focada naquilo que desejo ou  para o que rogo. Eu concentro toda a minha força, aponto e disparo quando venero. 
A veneração é uma faca de dois gumes. Ela pode te alavancar ou te aprisionar. A veneração deve ser muito bem observada para que seja na medida. Mas como? se venerar muitas vezes te cega? Veneração tem a ver com fascinação e até mesmo com fanatismo. A veneração desmedida, irracional, descontrolada pode fazer muitos estragos. 

Vemos muito disso nas religiões e seitas que mantém as pessoas num estado de congelamento, amarradas a uma ideia absolutamente descabida, mas que para elas faz sentido.
Este sentido com certeza nasce do medo. E este, por sinal impulsiona a veneração. Ainda bem que a veneração movida pelo medo não tem a força descomunal que tem a verdadeira veneração. Mas tem força.

A veneração cabe em qualquer situação. Objetos, pessoas, símbolos, hábitos, ideias. Tudo pode ser venerado. Este ato demonstra que o imenso poder que temos, esbarra em muitos outros atributos, muitos dos quais ainda não compreendidos. E assim, torna-se uma arma na mão de uma criança. 

Desde muito cedo fomos ensinados a venerar o que está fora. A criança vê nos objetos, na televisão e no mundo externo em geral muitos motivos para se identificar e por conseguinte venerar.
É verdade que muitos atos de veneração a imagens, símbolos religiosos e pessoas ligadas surtem um efeito surpreendente, na medida em que a concentração e a energia da pessoa que faz, foca no pedido, no desejo de maneira contumaz e pela lógica da lei da atração, se não estiver dando ênfase a falta, com certeza terá seu pedido atendido pelo universo através da sincronicidade de eventos.

Todavia, como a maioria dos tipos de veneração tem a ver com a falta, seja lá do que for e ainda a falta de si mesmo - a maior de todas - observamos pessoas que veneram a vida toda como escravos ambulantes, sempre na esperança fraca de um futuro que nunca chega.
Elas insistem, dentre outras coisas, porque a veneração vicia. Sem o desenvolvimento de uma consciência minimamente razoável, este vício se instala facilmente e se move com a mesma facilidade com relação aos objetos venerados.

Conheço muita gente que se encontra absolutamente escravizada a venerações das mais diversas. E nada adianta tentar removê-la deste estado. A dependência emocional da veneração está ligada ao vazio de si mesmo e a ausência da busca do reconhecimento de que a única coisa que vale a pena ser venerada é a si mesmo. É preciso aguardar o amadurecimento em termos de percepção do mundo que vive de forma que estes estímulos externos possam engrenar um processo de retomada de uma percepção maior sobre nosso universo interior e as fantásticas descobertas inerentes a este processo.

Muitos já se encontram nesse caminho, mas continuam venerando. Nada errado. Venerar não é errado. O erro está na direção e na medida. 
Não podemos colocar a culpa da morte na arma. Esta, sozinha, é inteiramente inofensiva. 
O que sente, mais uma vez, pode lhe determinar se o que venera lhe faz bem ou não. Na verdade toda a experiência aqui é válida. Em última análise não existe bom ou ruim. Existe o que é apropriado ou não para aquele determinado momento evolutivo daquele ser naquele momento.

Todavia, se sente-se bem, mesmo venerando a coisa mais idiota do mundo, continue! Seu momento é todo esse.
Mas se algum incomodo persistir, procure saber mais sobre ele. É importante que atentemos para o que sentimos diante do que pensamos e fazemos. E não basta só atenção. É preciso saber diferenciar, identificar as sensações, os sentimentos, pois para muitos, um simples incomodo não é nada demais, mas pode ser um grande alarme de incêndio avisando sobre possíveis perdas de tempo ou mesmo sobre possíveis prejuízos caso seja ignorado.

Na verdade, 99% do tempo, a maioria não corre perigos relevantes. A maioria dos perigos são imaginários, mesmo que aparentemente estejam ali ao lado.
Infelizmente nossa imaginação ainda se prende e reforça coisas bizarras, aumentando o seu tamanho devido ao velho vício de venerar coisas, pessoas e situações sem um mínimo de senso crítico.

Apreciar, gostar, desejar, aplaudir, assim como tantas outras coisas que fazemos são absolutamente naturais, contanto que respeitadas as medidas, que nunca poderão ser determinadas por quem quer que seja além de você mesmo.
Para isso e de maneira relaxada e tranquila, faça constantemente avaliações sobre aquilo que venera, sem se deixar levar pelo que os outros dizem, mas ao mesmo tempo interagindo e ouvindo, uma vez que nosso SER interno nos fala, vezes sem conta, também através dos outros.

Venerar sem fanatismos. Mesmo se tratando de você mesmo. Considerar a opinião dos outros sem se prender a elas. Ser você mesmo sem se preocupar com a crítica. É um jogo interno. Uma brincadeira que não tem hora de acabar e que definitivamente lhe trará o que veio buscar aqui.

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