domingo, 27 de março de 2011

CONTOS DA CAROCHINHA...


Toda a história contada tem um papel muito além de entreter. No universo infantil, por exemplo, elas podem passar o tempo, fazer ninar, estimular a criança a viajar colaborando na  elaboração seu mundo imaginativo.

Essa elaboração do mundo imaginativo infantil, no meu modo de ver, é mais importante que toda e qualquer educação que possa ser dada, sem querer tirar o mérito de qualquer uma outra.

Mas de tanto ouvir e depois de tanto contar histórias, quase sempre perdemos o rumo, e descambamos para incutir coisas na cabeça das pessoas que nada lhe servem e além disto criam uma série de medos e bloqueios.

Ficamos então viciados em contar histórias, e quanto mais aterrorizantes, surpreendentes ou chocantes elas forem melhor e mais satisfeitos nos sentimos, principalmente quando trata-se de fofocas. 

As histórias tem o seu papel importante quando tentam compartilhar uma experiência ou trazem em seu bojo, um simbolismo que nos remete a ir além do lugar comum a que estamos acostumados.

Histórias deveriam servir para alegrar, para fazer pensar, amplificar nossa curiosidade e imaginação. Em suma: abrir um leque de possibilidades. Mas quase sempre desvirtuam.

Um adulto inteligente saberá discernir. Mas e as crianças e outros adultos desprovidos dela, como farão? Só lhes resta propagar, numa tentativa de entender melhor o que lhe foi contado. E assim, uma mentira repetida muitas vezes torna-se uma verdade, ou pelo menos é aceita como tal.

Se você questionar um pouco apenas, qualquer contador de histórias, verá que muitas delas não tem sequer qualquer fundamento, de qualquer lógica, nem mesmo em mundos imaginativos mais arrojados.

Como já disse em outro post, histórias do fim do mundo, de conspirações políticas ou empresariais, do mundo artístico e do jornalismo de um modo geral, deveriam sempre passar por um crivo inteligente de cada um de nós. E creia, você pode!

Se deseja saber das novidades, muito bem, filtre-as com a lente dos seus sentidos. Não acredite em nada assim de cara. Analise e busque outras fontes. Questione sempre, é um direito legítimo seu, seja qual for a condição em que vive.

O melhor filtro que existe é se manter afastado dessas notícias, bem como de pesquisas de "renomadas universidades", que mudam a cada instante, ao sabor sabe-se do que ou de quem. 

Todavia, não devemos nos isolar do mundo em movimento, porque nele há uma vida exuberante que jorra em toda a sua plenitude, e esta está em toda parte justamente para que dela compartilhe o que julga ser do seu interesse.

O que falo aqui serve desde o tal "boi da cara preta" até o mundo da moda, da alimentação, da saúde, política, jornais, revistas e televisão.
É começar desde cedo a criar um senso crítico inteligente.

Não é a crítica só pela crítica. Quando se cria esse senso a que me refiro, você ouve, escuta e vê com atenção. Não absorve aquilo e nem refuta. É apenas um espectador. Analisa e sente. Busca outras fontes. Procura se posicionar de lados diferentes. Não toma partido, não se apega a um lado e transforma o outro em inimigo. Este, aliás, é o verdadeiro perigo. Um perigo que te aprisiona em si mesmo. 

Uma visão nova de um ângulo novo. Evita-se estar afoito para ter logo de cara uma opinião formada.
E mais: tem plena consciência de que quando formar uma opinião, ela será somente isto: Uma opinião... e relativa...

Tendo isso em mente, o próximo passo será aprender a respeitar a opinião dos outros, pois sendo um mero espectador, não há porque tomar partido.

Todavia, respeitar a opinião não necessariamente significa que deve andar e estar ao lado dessas pessoas. Conviver com gente de opinião diferente da sua é saudável. Entretanto, o que lhe convida a ser mais eclético e plural pode também, dependendo da situação, lhe sufocar, uma vez que pode, devido a essa "necessidade" da convivência, lhe forçar a tomar partido em nome de uma pseudo harmonia. 

Busque as afinidades mas não se prenda a elas. Evite a discórdia, mas também não se prenda a essa ideia!
Tudo pode ser verdade ou mentira, certo ou errado, bom ou ruim. Sendo assim evite assumir algo que não tem certeza, e que fazendo parte deste mundo sempre será relativo. 

Estas são armadilhas muito comuns, da qual devemos estar prontos a perceber de forma a criar um ambiente aonde o meio termo possa existir. Mas você deve avaliar se esse limite não descamba para a desarmonia e o conflito.
Assuma que ficar em cima do muro, muitas vezes é um ato inteligente.

Um exercício diário de equilíbrio num mundo cheio de contrastes e com uma forte tendência a lhe forçar a tomar partido. 
Parece que tem que provar algo constantemente e para isso deve assumir um lado, e que este seja o que o senso comum entende por ser o """"bem""""............

Existem pessoas, inclusive que concordam até para não haver desgastes, confrontos ou aborrecimentos. Preferem engolir seco e fogem desesperadamente do conflito que deve na minha opinião ser evitado, mas não a todo o custo.

Procure através da sua experiência comprovar as ideias que defende sem ser mais uma ovelha no rebanho. Aceite a possibilidade de ser diferente, de ter ideias diferentes, mesmo sabendo que o mundo ojeriza gente assim.

Esse preço que se paga, apesar de alto, compensa, pois traz de volta aquilo que lhe é mais valioso e caro na vida: você mesmo.





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