segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A ARTE DA OBSERVAÇÃO.

     
Falaremos hoje de um tema muito importante em nossa jornada por aqui. Chama-se "A capacidade de observar" ou "A arte da observação", título do post. Na verdade a observação é a mais importante "ferramenta" que possuímos e desde muito cedo começamos a desenvolvê-la, é só observar as crianças.
     
Mas a observação pressupõe curiosidade, ânsia de viver, desejo de encontrar, de saber, de conhecer e muita sensibilidade, não necessariamente a analítica do ponto de vista racional e intelectual, mas primordialmente aquela que sente, que mergulha fundo, a emocional. E todos a temos.

Nossas emoções são um guia. E a observação a porta de entrada do estímulo que exercita esse guia, que refina, que ajusta, que consolida nossa sensibilidade emocional.
A observação é antes de tudo um canal por onde captamos e só aí então podemos perceber o mundo e a nós mesmos.
     
Há que se praticá-la diariamente, pois a prática a desenvolve. Todavia não deve ser uma prática enfadonha, como se fosse um dever ou obrigação. O refinamento da capacidade de observação se dá pela alegria de viver, se dá pelo exercício da apreciação, por nossa pré-disposição a admiração e pela entrega total a vida.

Você pode até ter uma boa capacidade de observar sem esses pré-requisitos acima, pois  a capacidade de observação é um dom nato de todos nós.
Ela acontece pela expectativa desprovida de expectativa. Por todos os nossos sentidos abertos, receptivos e permissivos.
A observação de si e do mundo é um imenso milagre cotidiano.

Atente-se para um detalhe importante: Observar, contemplar e ver é um estado sóbrio. Nada tem a ver com envolvimento, ação, interferência. Quanto mais identificado com o que tenta observar, menos observa. Resista a tentação de interceder, a não ser que seja uma situação de emergência. Prevalecerá o bom senso. 

Muitas vezes o simples ato de observar em estado de alegria, muda todo o contexto. Cientistas faziam experiências com partículas atômicas procurando num primeiro momento observar o comportamento de um feixe de elétrons e o seu resultado diante de um determinado arranjo. Depois, nesse mesmo arranjo, colocaram uma câmera especial para observar qual era a trajetória deste feixe, qual era o comportamento dos elétrons. O simples ato de observar mudou a trajetória e o resultado final foi diferente somente pelo fato de estarem observando...

Não quero dizer com isso que todos devamos sentar e ficar só
observando.Todavia, observar deve ser algo sempre presente, fazendo ou não, em movimento ou parado.
E mais: Observar quem dentro de nós observa. Questionar se o que observa apenas observa. Questionar quem é que sofre e se incomoda com o que observa. A observação é antes de tudo um ato muito ativo e nunca passivo. A aparente passividade pode remeter a falsa impressão de que estamos prostrados, inertes e sem ação. Entretanto essa é de fato uma grande ilusão. 

Quando observa atento e desapegado você se torna o dono da sua vida, o mestre do seu destino.
Somente e somente através da auto-observação poderá chegar ao seu âmago. Descobrir-se das ilusões. Discernir o real do imaginário.

A princípio, quando aprofunda a observação que tem de si, pode sentir incômodos diversos. A mente não deseja ser observada. Ela fará de tudo para distraí-lo. Jogará confetes e pedras nos arbustos. Fará com que se sinta desanimado e desinteressado. 
Mas nada disso será páreo para uma atenção dedicada e desapegada. Não devem haver conflitos, lutas e discussões internas neste processo.

A observação é uma atitude tranquila, calma, íntegra. É como caminhar. Você não fica pensando se e como põe e coordena seus pés. A coisa acontece sem pensar, sem duvidar. Você vai lá e anda. 

Observe e alegre-se com as descobertas. Evite ao máximo fazer juízos de valor. Faça da observação seu esporte predileto.
Aja como as crianças que a cada nova descoberta, se enchem de surpresas e sempre pedem mais.
Elas anseiam poder descobrir e descortinar. São quase frenéticas nessa direção, pois aí está a verdade, o imutável e a si mesmo.

Quando tudo estiver ruim, observe! Quando não houver esperança, observe! Quando se sentir incomodado, observe! Mas também, quando estiver alegre, satisfeito, apaixonado, feliz ou qualquer coisa semelhante também observe!
Precisamos observar em todas as horas, boas e ruins. 

A maioria das pessoas se esquecem em momentos de grande emoção. Sejam elas quais forem. Se envolvem e se deixam levar quase que hipnotizadas e fascinadas pelo momento.
Não podemos seguir as emoções, por melhores que sejam, sem estarmos conscientes de nós mesmos.
Muita gente pensa que em bons momentos não há necessidade, afinal está tudo tão bem. Ledo engano!

A verdadeira observação jamais pressupõe coisas. Não tem ansiedade, nervosismo ou preocupação. Ela simplesmente observa. Não torce como numa partida de futebol.
Ela é a rédea, o volante que permite que direcione suas experiências para tudo aquilo que deseja. 

Não faz de você uma pessoa fria e indiferente. Olhar sem se envolver é a melhor maneira de descobrir um prazer totalmente novo e muito diferente do que está acostumado. Um Prazer livre. Um prazer que vive o momento e não está preocupado se haverá bis.

Sendo assim, observe!

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