terça-feira, 22 de junho de 2010

PARE DE EDUCAR..



Educação. Uma palavra que soa bonito na boca e aos ouvidos de muitos. Fala-se por aí ser a tábua da salvação, o amuleto que abre portas e a receita de tudo. Comparam-se com países ditos "mais educados" como se lá fosse mesmo o paraíso.

Será que alguém para um pouco ao menos, para refletir sobre o que é ou o que deveria ser a verdadeira educação?
Não gosto de formular receitas e nem de ser o sabe tudo. Todavia, é quase impossível fazer determinadas colocações sem parecer estar fazendo exatamente isso. Vamos lá então.

Fala-se muito em educar baseado em princípios que estão aí há muito tempo, salvo pequenas alterações, mas que são modelos, na minha opinião, que emburram ao invés de ensinar.E quando digo emburrar, é mais que conhecimento puro e simples. Emburrar pode significar travar, roubar a espontaneidade, cria vergonhas e culpas na cabeça das crianças.

O ser humano nasce sábio por natureza. Ele vem com o conhecimento. Está dotado de todas as características necessárias ao bem viver, necessitando apenas de ser estimulado.

Esse estímulo deve se dar não só de maneira direta e objetiva, mas também criando-se ambientes, situações e circunstâncias que abram um "espaço" para que a semente viva dentro de cada um de nós germine e cresça para exercitar seu digno direito de criar.

Isso sim é educar!

A educação nos moldes que se encontra dificulta a todos nós nos tornarmos quem realmente somos. Ela está baseada no princípio de que os mais velhos sabem tudo e podem e devem "ensinar" aos mais novos todos os "conceitos aprendidos" empurrando-os goela abaixo.

E muitas coisas quase surreais, que você nunca vai usar e que te entulha a mente com o claro, porém submerso, objetivo de travar sua criatividade e pró atividade, uma vez que levará um bom tempo tentando digerir e se enquadrar nos conceitos colocados, sob pena de ficar "reprovado"...

Essa nossa educação parte da premissa que somos todos iguais, que somos uma manada e se muni de uma autoridade e ao mesmo tempo se perde nela. Cada um de nós deveria ser educado respeitando-se a individualidade e a particularidade.

Esse modelo desrespeita a criatividade e a pró-atividade inerente a cada um de nós. Somos moldados como massa de modelar e ninguém tem a coragem de perguntar o que queremos, o que esperamos.

Ainda bem que vemos por aí alguns exemplos de pessoas que superam isso por sua conta, demonstrando assim uma coragem que cria em muitos corações um estímulo de que nem tudo está perdido. Entretanto, trata-se de uma minoria.

Como disse antes, a verdadeira educação se dá unicamente pela orientação e a condução dos pequeninos por uma jornada aonde deixa-se o mais livre que puder e ao mesmo tempo cria-se uma série de estímulos variáveis de acordo com cada caso, no sentido de fazer brotar de dentro o conhecimento. 

O conhecimento não vem de fora, ele vem de dentro através das interações nesse mundo físico. O que vem de fora é a informação que nem sempre corresponde ao que é na realidade. 

As trocas, o relacionamento, a experimentação trazem a educação necessária a qualquer ser humano e essa deveria ser a premissa básica de qualquer escola.

Ninguém ensina nada a ninguém. É sempre uma troca!

O máximo que podemos fazer é acompanhar e dar uma ajudinha aqui e outra ali.
Essa tradição de ensino precisa urgentemente ser mudada. Chega de querer empurrar nos outros aquilo que achamos ser o conhecimento ou o que seria útil. 

Limitemo-nos a criar o ambiente propício e deixar que nossas crianças aprendam por elas mesmas. Nós aqui apenas apontamos e elas decidem se querem seguir esse caminho.

Tudo isso passa inevitavelmente pelo medo que temos de sair do controle. Achamos que temos que domesticar nossas crianças como se elas fossem animais selvagens. E pior: Tudo se passa num ambiente muito "meritório", sem que ninguém tenha a coragem de dizer algo contra.

Quem terá coragem de dizer que uma mãe, nas melhores das intenções, ou mesmo  inconsciente, que joga seu filho nesse labirinto escolar e o faz perder o que tem de melhor quando nasce: A alegria, a espontaneidade e a criatividade.

Um exemplo emblemático é o de Albert Einstein, que foi chamado de idiota e estúpido por seus professores da época e que ainda diziam que ele não conseguiria nada na vida. Tudo porque ele questionava e se recusava a aprender daquela forma e tirava notas baixas. Esse mesmo homem se tornou um dos maiores cientistas do século 20, tudo por que se rebelou de uma maneira silenciosa e fez tudo aquilo que tento propor aqui.

Se às nossas escolas tivessem um direcionamento correto, estaríamos a todo instante injetando em nossa sociedade um sem número de grandes cientistas, artistas, engenheiros, escritores, médicos e pessoas com uma capacidade extraordinária nas diversas áreas, muito além do que temos hoje.Nossa sociedade seria realmente próspera e cresceria de maneira vertiginosa alcançando patamares nunca vistos.

E quem são os que temem isso? 

Falar em nomes não cabe. Nosso "sistema" é tão bem engendrado que não existe propriamente um líder nos moldes que conhecemos numa empresa ou em outro tipo de organização. As pessoas que são vítimas inconscientes dele são na prática seus verdadeiros "guardiões", vivendo e tendo comportamentos repetitivos e muito pouco questionadores da natureza do que explico aqui, incentivando e mantendo o "sistema", digamos, em ordem...

As pessoas vivem uma vida medíocre, limitada, cheia de dificuldades e ainda "matam", se for preciso, quem ousar fazer certos questionamentos ou mudar um pouco, pelo menos, este horroroso estado de coisas.

A questão central chama-se: "controle"...

Um número grande de pessoas podendo expressar a plenitude do seu ser estariam sob o controle de alguém?
Nos assusta a tola ideia de que o bolo não é tão grande assim para dividir para todos?

Ou então uma outra pior: que alguns nasceram mesmo para serem serviçais e estarem numa condição inferior e que tem a mentalidade pobre e nada podemos fazer...

Isso é um verdadeiro crime contra milhões de seres humanos que poderiam estar numa condição melhor, por sua própria conta, e exercendo seu poder de criação, contribuiriam decisivamente no aumento do bolo!

Precisamos dar ênfase a um processo educacional que privilegie a liberdade e a individualidade e saia de uma vez por todas desse terrível hábito de enfiar goela abaixo das nossas crianças um monte de entulhos que na maioria dos casos só atrapalham a jornada criativa e a inovação.

Mas como?! com professores adultos e já devidamente enquadrados?! Com os pais que também nutrem uma mesma mentalidade?! Será que estes mesmos professores, acostumados a "domar" os leõezinhos em sala de aula, aceitariam tranquilamente uma postura mais passiva, de mais observação e acompanhamento do que a postura ditatorial impregnada em suas mentalidades?!

Seria um trabalho magnífico mudar tudo isso. Quem sabe aos poucos, com exemplos de escolas como as pedagogia Waldorf, de Rudolf Steiner , dentre outros.    
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