terça-feira, 31 de agosto de 2010

VOCÊ JÁ É!



Me lembro de quando era pequeno, e todos sempre perguntavam o que eu queria ser quando crescesse...
Pensamentos mil revoavam minha ingênua e todavia pura cabecinha...
Mas eu já surpreendia, pois por volta dos seis anos, já dizia que seria o "homem elétrico" da família...

Tinha uma caixa de sapatos com algumas baterias, fios e lâmpadas queimadas que faziam minha alegria.
Aos dez anos procurei nos classificados do jornal um curso livre de eletrônica, e pedi a minha mãe que me levasse até lá para efetuar a matrícula.

Em uma sala com mais de cinquenta alunos a maioria com mais de quarenta anos, me regozijava ao descobrir o universo diante de mim.
Alguns poderão dizer que trata-se de uma exceção alguém tão novo, já ter bem claro aquilo que desejava fazer, mas eu digo justamente o contrário. As exceções são aqueles que vem a esse mundo sem essa sintonia, sem essa definição dos seus desejos. Mesmo se tratando de uma exceção numerosa, insisto em dizer que são exceções.

Quando chegamos aqui, no mundo das formas, somos maciçamente expostos ao contraste e a variedade, para que isso desperte em nós os desejos. Esses desejos tem uma série de finalidades, além, é claro do desejo em si. Eles são a resposta ao estímulo que gera novos estímulos e assim por diante. A partir daí, começamos a exercitar nossas aptidões criativas. 

Começamos, claro, pela tentativa-erro-acerto e vamos com isso ganhando experiência, que em resumo, é a descoberta de tudo aquilo que tem dentro de você, de tudo aquilo que é!

Não fui fazer o curso de eletrônica, simplesmente para aprender eletrônica. Fui para ter uma experiência de descobertas que tem muito mais a ver comigo, com quem já sou de fato, do que um mero aprendizado da eletrônica. E isso vale para todos nós. Relato aqui um pouco da minha experiência apenas para ilustrar a importante mensagem que tento lhe transmitir nessas palavras.

Nosso contato com o mundo, com todos os seres que nele habitam, tem sempre esse viés: Descobrir por mim mesmo tudo aquilo que sempre fui, que sou e sempre serei.
Daí a importância dos pais, na medida do possível (e a medida certa se dá através da percepção, da intuição particular de cada um, sem fórmulas pré-concebidas), facilitarem o acesso dos pequenos a toda sorte de estímulos para que disso brote, nasça e se manifeste aqui tudo que esses pequenos-grandes homens e mulheres são de fato.

Veja, essa mentalidade de que devemos moldar nossos filhos é extremamente equivocada. Você não molda. Você acompanha, orienta e protege. Não molda no sentido direto do termo. Você pode até sabotar o processo do seu filho, mas nunca irá transformá-lo naquilo que ele não é. Alguns tentam e até parece que conseguem, mas tudo não passa de uma situação superficial, não representa aquilo que de fato ele é, pois isso estará sempre bem guardado com ele e mesmo que as aparências até enganem, nada há.

E todos aqueles que sofreram fortes pressões no sentido de transformarem-nos naquilo que não são, poderão a qualquer momento retomar o caminho de volta pra casa (ou seja, para aquilo que realmente são!)

Quanto mais você permitir que seus filhos ou dependentes descubram o mundo e suas nuances por si mesmos, mais estará contribuindo para a expansão do universo, uma vez que estará permitindo a livre expressão e a consequente manifestação.

Ao ter uma variedade maior de tipos e qualidades de manifestações, você contribui de forma decisiva para essa expansão. E além de tudo, esse processo se tornará uma grande chance de permitir mais e mais que nós mesmos sejamos quem de fato somos, sem máscaras, sem modelos pré-formatados por terceiros.

Quanto mais tentamos controlar, moldar, impor, mais somos atingidos por essas mesmas correntes. A grande sabedoria não está na disciplina como conhecemos, e sim na consciência que promove sem impor, a auto-disciplina. 
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