O Tarô nada mais é que um baralho composto de 78 lâminas divididas em 22 arcanos maiores (foto) e 56 arcanos menores. Os arcanos maiores são desenhos de vários símbolos combinados numa mesma lâmina e que se relacionam com os demais símbolos das outras lâminas. Os arcanos menores usam os mesmos símbolos do baralho tradicional.
Não se sabe ao certo a data e nem onde surgiu o Tarô. Quem disser, certamente está "chutando".
Muitos utilizam o Tarô com fins advinhatórios. Todavia sua principal função é conversar com seu inconsciente. Daí a importância da linguagem simbólica que sai bastante do raciocínio lógico tradicional.
O Sub-consciente, o inconsciente, o SER interno, o Deus Interno, a fonte ou como queira chamar, conversa e ouve com mais atenção a linguagem dos símbolos. Por que? Porque a nossa forma de se comunicar só consegue transmitir uma ínfima parte do conhecimento, da mensagem e do sentimento embutido nela. O conhecimento transcende e muito as palavras.
Mesmo quando nosso corpo "fala junto"- e isso com certeza ele faz sempre - ainda sim fica limitado pois a maioria das pessoas não presta a atenção e quando faz interpreta da sua maneira, um tanto distorcida, não por estar "errada", e sim por ser diferente e estar condicionada ao mundo particular daquela pessoa.
É claro que quando alguém interpreta o Tarô para uma outra pessoa, ela necessita de falar, escrever, e portanto, usa a linguagem tradicional, que limita bastante a finalidade deste grande arquétipo montado para lhe servir de uma pequena base inicial na sua jornada interior. Afora que quem interpreta, por mais treinado que esteja, sempre deposita um pouco de suas próprias concepções no assunto relatado.
Muitos tarólogos afirmam que não se pode "jogar" para si mesmo. Talvez não para um fim exclusivamente advinhatório aonde o EGO prevalece. O ego se preocupa com o passado e o futuro, então ele necessita saber o que aconteceu e o que acontecerá, quando o mais importante seria situar o Tarô no momento presente, que tem por si só, uma infinita capacidade de desenhar e redesenhar seu passado e seu futuro.
Quando coloca o tarô no momento presente e dele não sai, você vive a melhor função desta ferramenta.
O Tarô é uma viagem sem rumo. Tu embarca sem a preocupação de chegar, a viagem em si é o mais gostoso.
Perguntas como: "quem sou eu?" "qual é o meu propósito?" "como me perceber?" "quais as opções de prazer?" "como olhar para as minhas necessidades e as dos outros?" "qual é o meu ritmo?" "como ampliar a visão e as sensações?" "como abraçar o paradoxo?" "como aceitar tudo do jeito que está?" "como compreender as interações que há no mundo de dentro e no de fora?" e assim por diante, podem turbinar sua experiência.
Pegue uma a uma as 22 lâminas dos arcanos maiores - estas que estão na foto acima - e comece a observa-las. Não tente decifrar. Olhe os símbolos contidos nela e procure perceber o que sente. Não deve haver nenhuma finalidade, nenhum desejo de saber coisa alguma. Inicialmente fará apenas esta observação detida e contínua das lâminas.
Depois, feche os olhos e embaralhe o Tarô. Procure sentir o máximo que puder todo esse processo. Mais uma vez reforço: Isto é só uma brincadeira, um jogo sem grandes pretensões. Se não gostar, pare, guarde e deixe para tentar uma outra hora. Tudo deve ser gostoso e agradável.
Se já possuir algum conhecimento teórico sobre o significado das lâminas, deixe de lado por hora. Se não, melhor ainda, pois será menos uma interferência no processo.
Lembre-se, trata-se de um conjunto de símbolos que individualmente tem diversas representações e quando combinadas, essas representações se expandem ao infinito.
Portanto, se tirar a carta da morte, por exemplo, não significa que irá morrer no sentido físico, nem tampouco parentes ou quem quer que seja. A morte que se refere a carta é uma morte voltada aos velhos hábitos, manias e maneiras de ver a vida, que precisam morrer ou que já estão morrendo.
Quando muda a sua maneira de ver a vida, automaticamente a vida muda e já engata um novo ciclo de mudança na sua maneira de ver! Assim como quando tira a roda da fortuna, não quer dizer que estás prestes a ficar rico, pelo menos não no sentido físico. Todavia nunca devemos excluir por completo essa interpretação.
O tarô não é em hipótese alguma, um conjunto de símbolos voltados a uma interpretação racional e metódica, aonde consultamos uma tabela e associamos as combinações. Ele é pra ser sentido! Quando puxa a carta não pense, sinta! Perceba se veio algum lampejo na mente, alguma sensação no corpo. Anote e guarde. Evite dar créditos aos pensamentos, pelo menos num primeiro momento.
O tarô lhe ajuda, através desta brincadeira com os símbolos, a compreender arquétipos do seu sub-consciente que estão guardados e que aparentemente não lhe fazem diferença alguma, mas que na verdade fazem sim e toda!
Embaralhe e retire de uma a quatro cartas - uma a uma - e ponha encima da mesa. Aqui também não existem regras. Você tira uma ou quantas quiser. Respire fundo e observe.
Contemple as cartas colocadas e procure sentir. Feche um pouco os olhos e respire fundo novamente. A "conversa" já está rolando. Todavia, não estenda muito. Se não percebeu nada mais concreto a nível de sensação, descarte a jogada, reembaralhe e jogue novamente. Se depois de algumas tentativas não rolar nada, guarde o baralho e tente em outra hora.
O jogo deve ser espontâneo, livre, solto.
É um jogo de sensações. Uma vez postas na mesa, vire as cartas ao avesso uma a uma e tente perceber alguma mudança nas sensações em relação ao momento em que estavam viradas pra você.
Faça diversas vezes, e como sempre se nada sentir, descarte. É preciso ir afiando sua capacidade de perceber que pode estar adormecida, dificultando a comunicação do sub-consciente. Vá treinando. Lembre-se, é uma viagem sem pressa de chegar.
A qualquer hora do dia ou da noite, sempre que se sentir a vontade, mesmo que apreensivo, frustrado, raivoso, medroso, não importa. Qualquer emoção que estiver saltitando naquele momento pode ser um sinal que o seu mundo interior deseja falar-lhe algo.
E se prepare, irá descobrir coisas incríveis. Esta viagem pode esclarecer muita coisa, mas também pode confundir mais ainda. Esteja pronto pra isso. Estar confuso e sem resposta também faz parte do processo. Evite fugir desta etapa buscando uma falsa segurança em alguma resposta vazia ou em interpretações precipitadas.
Como disse é necessário amadurecer o processo de perceber os lampejos que saltam durante o processo. O ego interfere; é necessário ter calma para ganhar mais seletividade.
Ficar perdido e confuso pode ser o caminho mais curto para encontrar o que deseja. Acredite em si mesmo.
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